CONFERÊNCIA I: Em tempos de barreiras, argentinos e brasileiros debatem parceria

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Começou na manhã desta terça-feira (27/11) em Los Cardales, província a 70 km de Buenos Aires, a Conferência da União Industrial Argentina (UIA). Pela primeira vez com foco nas relações entre Brasil e Argentina, o encontro acontece em um momento em que o intercâmbio comercial entre os dois países é desafiado por reformas estruturais do setor em ambas as nações, além de políticas restritivas adotadas pela Argentina.

Mercosul - “As duas economias mais importantes do Mercosul não podem descuidar de sua parceria estratégica”, afirmou nesta terça-feira o presidente da Confederação Nacional da Indústria Robson Braga de Andrade durante a abertura do evento. As restrições argentinas às importações, parte da política econômica da presidente Cristina Kirchner, são alvo de críticas por parte do governo brasileiro. Na última sexta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega,  disse que o país vizinho travou o comércio entre os dois.

Integração - Já na abertura da conferência, Andrade, da CNI, evitou falar das dificuldades comerciais pelas quais atravessam as relações entre as duas nações. Em vez disso, o presidente da entidade destacou a integração entre as duas cadeias produtivas. “Nesses anos, superamos vários temores. Sejam os receios do lado brasileiro, de que o acesso preferencial a seu mercado favoreceria mais os produtores argentinos; sejam os alarmes, por parte da indústria argentina, de que a aproximação levaria a uma especialização do país em itens primários,” explicou.

Impulso - Para Andrade, a atual conjuntura internacional e os efeitos da crise econômica internacional  impulsionam a integração regional.  “A indústria da região tem sido afetada. Isso nos conduz a dar respostas urgentes, não no plano da retórica, mas sim, na prática”, disse Andrade.

Presenças - Para o encerramento da conferência , previsto para as 14h desta quarta-feira (28/11), estão previstas as presenças das  presidentes  Dilma Rousseff e Cristina Kirchner.  O evento deve contar ainda com as presenças do o ministro de Relações Exteriores, Antônio Patriota, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel,  além do assessor para Assuntos Internacionais para a Presidência, Marco Aurélio Garcia.

Otimismo - Dilma participará do congresso com uma mensagem de otimismo sobre a relação bilateral - embora o governo brasileiro esteja disposto a pressionar a Argentina para mudar o desvio de comércio provocado pelo protecionismo vizinho. Na comparação entre as importações argentinas de junho a setembro de 2011 e de 2012, a parcela de produtos vendidos pelo Brasil caiu de 28,6% para 24,6%, enquanto subiram as fatias de mercado ocupadas pelos países da América do Norte (de 13,5% para 17,3%), da União Europeia (de 15,1% para 17,3%), e da China (2,5% para 3,1%).

Aporte - Nos últimos dois anos, o Brasil aportou US$ 6 bilhões em investimentos diretos para a Argentina em setores como mineração, têxtil e construção civil. Projetos de construção de plantas produtivas argentinas no Brasil somam mais de US$ 3 bilhões nos últimos dois anos. Os principais investimentos foram em usinas de energia eólica e na produção de aço. A corrente de comércio entre Brasil e Argentina passou de US$ 2 bilhões em 1990 para US$ 39,6 bilhões em 2011. Até outubro de 2012, o fluxo foi de US$ 28,3 bilhões, que representa 82% de todo o comércio brasileiro com o Mercosul. (Valor Econômico)

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