COMÉRCIO EXTERIOR: Brasil admite discutir acordo com os EUA
- Artigos em destaque na home: Nenhum
O Brasil admite examinar a negociação de um acordo comercial com os Estados Unidos, embora ainda mantenha esperança de evitar o fiasco da Rodada Doha, na Organização Mundial do Comércio (OMC). "Não temos problema de nossa parte, os americanos é que têm com suas barreiras comerciais e resistência (de liberalização) no Congresso", afirmou o assessor internacional do Palácio do Planalto, Marco Aurélio Garcia.
Discussão bilateral - Depois do novo impasse sobre Doha, na semana passada, negociadores americanos falaram informalmente na cena comercial que agora se poderia, inclusive, examinar uma discussão bilateral entre o Brasil e os EUA. Na prática, os problemas que bloqueiam Doha persistiriam também. Garcia informou que o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, vai ao Brasil em fins de abril. O objetivo é mais uma vez tratar da combalida negociação de Doha, agora com as autoridades do novo governo. Lamy sabe que a posição brasileira mudou e a margem para negociar se estreitou bastante.
Percepção - A percepção na cena comercial é de que a indústria brasileira atualmente não quer acordo de liberalização com ninguém, nem na OMC, entre Mercosul e União Europeia ou qualquer outro. A pressão sofrida pelo câmbio forte, o enorme volume de importações e outras dificuldades tiraram o ânimo de boa parte da indústria por barganha de abertura comercial.
Situação internacional - Enquanto isso, a situação internacional também dificulta os negócios para empresas brasileiras. O distanciamento diplomático com o Irã pode resultar em menos comércio, sobretudo de exportação de carne bovina, que atingiu US$ 800 milhões no ano passado. Mas Garcia tem dúvidas de que a baixa do comércio ocorrerá. Na Líbia, segundo ele, construtoras brasileiras não estão perdendo com a paralisação de obras, porque "está tudo segurado". Por outro lado, ele deixou claro que na visita da presidente Dilma à China, dentro de duas semanas, ela não abordará a questão de direitos humanos. (Valor Econômico)