COMÉRCIO BILATERAL: Barreiras prejudicaram 10% da exportação para a Argentina

  • Artigos em destaque na home: Nenhum

As barreiras comerciais impostas pela Argentina prejudicaram 10% das exportações brasileiras para aquele país em 2008, o que significa perda de aproximadamente US$ 1,5 bilhão. A estimativa é do secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, e contesta versão do governo argentino, segundo a qual os limites à entrada de mercadorias importadas não afetaram mais de 4% da pauta de exportação brasileira.

Base - Barral explica que sua estimativa toma por base 10% das nomenclaturas comuns do Mercosul (NCM) e seus valores anualizados para 2008. A conta também considera o impacto de medidas antidumping, adoção de preço mínimo para vários produtos e barreiras impostas por licenças de importação não-automáticas. O cenário do comércio bilateral é de elevação da temperatura entre os principais parceiros do Mercosul, mas, apesar disso, segue a agenda de negociações. Barral garante que está mantida a investigação sobre o aumento expressivo das importações de leite em pó e derivados daquele país. No primeiro bimestre, a comparação com igual período de 2008 é reveladora. Os aumentos foram de 42,2% no valor e 117,7% na quantidade. Por outro lado, houve queda de 34,7% nos preços. "Pode ser alguma prática de comércio desleal, triangulação, subfaturamento ou até fraude. Há divergência estatística entre os dois governos", disse.

Brasil - Na sua visão, o Brasil é o país que mais reclama na Organização Mundial do Comércio (OMC) e isso vai continuar assim, não importando contra quem é a disputa. Na entrevista coletiva de divulgação dos números da balança comercial em fevereiro, inspirado por Nelson Rodrigues, Barral disse que "todo protecionismo será castigado". No primeiro bimestre, a receita obtida pelo Brasil com as exportações para a Argentina caiu 46,5%, resultado de um recuo de 74,7% em quantidade, parcialmente compensado pelo aumento de 101,5% no preço dos produtos vendidos, em relação ao primeiro bimestre de 2008. O único item de variações positivas foi o de produtos siderúrgicos. Na lista das maiores quedas de quantidades embarcadas para a Argentina, nesses dois meses, estão ferro fundido (83,2%), borracha (69%), automóveis (61,3%), eletroeletrônicos (56,9%), máquinas/equipamentos (56,5%), plásticos (37,9%) e papel (37,6%).

Outros fatores - Para Barral, as quedas no valor e nas quantidades não podem ser atribuídas apenas às barreiras ou à crise econômica. Para ele, há também influência do câmbio e integração de cadeias produtivas.

Importações - No lado das importações da Argentina, a comparação dos primeiros bimestres em 2009 e 2008 mostra quedas de 41,1% no valor, 42,7% nas quantidades e 2,2% nos preços. As maiores quedas de quantidade são de automóveis (51,6%), máquinas/equipamentos (50,4%), trigo e outros cereais (49,2%), químicos (48,4%) e combustíveis minerais (38,8%). (Valor Econômico)

Conteúdos Relacionados