CÓDIGO FLORESTAL I: Senador Luiz Henrique escreve artigo com base em documento da Ocepar
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A necessidade de compatibilizar a produção agropecuária brasileira com a preservação do meio ambiente para vencer o desafio da crescente demanda alimentar foi defendida pelo senador Luiz Henrique em artigo publicado, neste domingo (07/08), no jornal "A Notícia", de Joinville (SC). O senador faz uma reflexão sobre o tema com base no documento elaborado pela Ocepar, que traz as propostas do cooperativismo paranaense para o aperfeiçoamento da legislação ambiental. O material foi entregue pelo presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski, a parlamentares e autoridades políticas, na semana passada, em Brasília. Luiz Henrique será o relator do Projeto de Lei da Câmara (PLC) nº 30/2011, que trata do novo Código Florestal Brasileiro, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no Senado. Veja abaixo a íntegra do artigo.
OPINIÃO:
O "milagre" da nossa agricultura
*Luiz Henrique
Como contribuição ao debate sobre o novo Código Florestal, a Organização das Cooperativas do Paraná elaborou um profundo diagnóstico do perfil da agricultura brasileira.
Reflete ampla reportagem da revista inglesa "The Economist" que aborda, em matéria intitulada "The miracle of the cerrado", a fantástica expansão das atividades agropecuárias naquela região brasileira, situada, sobretudo, no centro do País.
Segundo a reportagem, "se você perguntar qual produtor agrícola vai ser mais importante nos próximos 40 anos, a resposta seria provavelmente: alguém que aumentou muito a sua produção e parece capaz de continuar aumentando; alguém que possui reservas de água e de terras; alguém que seja capaz de manter um grande rebanho bovino; alguém que seja produtivo sem subsídios estatais massivos; e, talvez, alguém com disponibilidade de savanas... Em outras palavras, você estaria descrevendo o produtor do Brasil".
Por incrível que pareça, esse "milagre" a que se refere a conceituada revista inglesa é realizado em apenas 31% do território brasileiro, contra 59% da China, 57% da Espanha, 56% da Holanda, 54% da França, 49% da Argentina e da Alemanha, 47% da Itália e 45% dos Estados Unidos. Mas se considerarmos isoladamente a produção de grãos (soja, milho, trigo etc.), vamos ver que o plantio dessas espécies agrícolas ocupa apenas 7% (eu disse sete por cento!) de todas as terras existentes no País.
Em 30 anos, de 1981 a 2011, usando, repito, apenas 7% do território nacional, a nossa safra graneleira bateu todos os recordes, dando, como em nenhum outro país do mundo, um salto de 52 milhões para 161 milhões de toneladas! Isso significa um aumento explosivo de 214%.
Outro dado importante: enquanto a produção de grãos cresceu 214%, em três décadas, a área cultivada ampliou-se em 25%. Ou seja, a agricultura soube produzir muito mais em menos terras, não precisou avançar tanto, como se imaginava, sobre as florestas. Obteve reconhecido ganho tecnológico, aumentando, significativamente, a produtividade por hectare.
O chamado agronegócio, baseado, predominantemente, nas exportações de grãos, de carnes bovina, suína e de aves; de sucos, açúcar e combustíveis biológicos, gerou divisas para o País na ordem de 76 bilhões de dólares.
Nesses mesmos 30 anos, a produtividade do campo dobrou e a exportação de produtos agrícolas sextuplicou. Foi só graças a esse desempenho rural que o País obteve um elevado ritmo de crescimento e manteve o equilíbrio das contas externas.
Hoje, o chamado agronegócio já representa 26% do produto interno bruto nacional e, não obstante represente apenas 17% da população brasileira, gera, direta e indiretamente, no campo e na cidade, 37% dos empregos do País.
Segundo relatório da Organização das Nações Unidas, em 2050 a população mundial alcançará a impressionante cifra de 9 bilhões de habitantes, o que requererá uma ampliação da produção de alimentos na ordem de 70%. E ao Brasil caberá a missão de contribuir com 40% desse megaestoque.
Se soubermos compatibilizar preservação com produção, o Brasil cumprirá esse seu desafio.
*Luiz Henrique da Silveira | Senador