COCARI: Dia de campo sobre culturas perenes teve 350 participantes
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{gallery}noticias/2011/Abril/25/2011425145024/{/gallery}A Cocari realizou o Dia de Campo - Culturas Perenes, na última terça-feira (19/04), em Mandaguari, Noroeste do Estado, abordando as culturas de café, laranja e eucalipto. Participaram do evento, cerca de 350 pessoas, entre cooperados, seus familiares, representantes de empresas e entidades de ensino e pesquisa, além de curiosos sobre as culturas. O dia de campo apresentou palestras no período da manhã e, à tarde, houve visitação aos estandes da Cocari e de empresas parceiras. No total, 11 estações traziam informações de como as culturas perenes se desenvolvem no campo, os cuidados com esse tipo de cultura, o manejo indicado para altos resultados, com foco na qualidade, na reconstrução da fertilidade do solo, na mecanização do cafeeiro e no manejo da colheita e pós-colheita.
Boas vindas - A comitiva de boas vindas aos participantes foi composta pelo presidente da Cocari, Vilmar Sebold, o vice-presidente, Luiz Carlos Fermino da Rocha, o diretor executivo de Novos Negócios, Marcos Trintinalha, o coordenador da Comissão Central, Milton Luiz Campana, o gerente da Divisão Operacional, Geraldo Semensato, o gerente da Divisão Administrativa e Financeira, Geraldo Leite da Silva, e o engenheiro agrônomo do Centro Tecnológico (CTC), João Batista Gonçalves da Silva.
Abertura - Na abertura do evento, o presidente da Cocari relembrou alguns fatos da cafeicultura no Brasil e fez um retrato da tradição das culturas perenes, por meio dos participantes do dia de campo. Muitos entre os presentes tinham mais de 50 anos, dos quais, grande parte dedicada à cafeicultura e, apesar da bagagem de conhecimento que carregam, continuam em busca de novos conhecimentos, novas tecnologias e troca de informações.
Retrato fiel - "Isso é um retrato muito fiel do que é a cafeicultura na nossa região, representada por pessoas com mais de 50 anos, que já vivenciaram inúmeras crises, que continuam firmes na atividade, com seus momentos bons e ruins", disse Sebold, destacando que cafeicultor e citricultor não é como produtor de soja e de culturas brancas, que migram com facilidade de uma cultura para a outra. "É como um casamento à moda antiga, que não se abala com qualquer crise", comparou. "Graças a Deus estamos num ano diferente, em que se comprova que, com tecnologia, se consegue produzir mais", acrescentou, comentando sobre uma visita que fez a uma lavoura de café irrigada na região.
Magnitude - "Eu olho café desde que era molequinho, começando na roça e confesso que não tinha visto um café com a magnitude desse café irrigado e falo com segurança que aquele investimento vai se pagar em tempo muito curto. Então, vou insistir naquilo que já venho conversando com os senhores: nós temos uma chance aqui na região que se chama tecnologia", concluiu o presidente da Cocari.
Doenças do cafeeiro - Para falar sobre o café, a cooperativa trouxe a pesquisadora científica do Laboratório de Fitopatologia do Instituto Biológico de São Paulo, Flávia R. A. Patrício, com a palestra "Manejo de doenças que afetam a florada e pegamento dos frutos do cafeeiro". A pesquisadora salientou que o cuidado na identificação e no manejo das doenças tem por objetivo proporcionar o aumento da produtividade e, para tanto, é necessário cuidar bem da lavoura. "Uma das maneiras de cuidar bem da lavoura é conhecendo as doenças", disse.
Manchas - Além da ferrugem, que é uma das doenças mais importantes da cultura do café, a pesquisadora falou sobre a Mancha Aureolada (doença que ataca lavouras jovens, entre 1e 4 anos, em locais sujeitos a ventos) e Mancha Phoma, doenças que, segundo ela, não causam grandes danos às folhas, mas afetam drasticamente os frutos, porque afetam a produção logo no começo do ciclo. Flávia demonstrou aos produtores, durante sua palestra, as características das doenças, os orientou como proceder para resolver o problema e apresentou as tecnologias disponíveis para esse fim. "As regiões mais tecnificadas têm aumentado mais do que as outras. Os saltos têm sido maiores. Quanto mais se investe em tecnologia, melhor o resultado", observou.
Encantamento - Habituada a visitar cooperativas, Flávia se disse impressionada com a estrutura e organização da Cocari e com o CTC. "Fiquei encantada com a estação experimental da cooperativa. Achei impecável, tudo arrumado, tudo no lugar. Para mim, é de cair o queixo", brincou. "Os campos experimentais aqui são muito bonitos, é um bom campo para mostras das cultivares, dá para ver bem a diferença entre elas e outra coisa que fazem aqui que eu gostei muito é um campo onde eles estão demonstrando como fazer o quebra-vento (importante manejo na prevenção à Mancha Aureolada). É a primeira vez que eu vejo isso numa cooperativa. Eu nunca tinha visto um campo experimental assim, disponível aos produtores", frisou.
Eucalipto: cultura rentável e atraente - A segunda palestra foi com a engenheira Florestal e professora da Universidade Estadual de Maringá, Sueli Sato Martins, que abordou os aspectos econômicos da cultura do eucalipto, discorrendo sobre a importância e diversificação de utilização do eucalipto no mercado de construção civil, indústria moveleira, energia, entre outros. Ela destacou as variedades das espécies e o manejo adequado para a plantação. Após a palestra, Sueli visitou a plantação de eucalipto do CTC, acompanhada por produtores que aproveitaram para sanar dúvidas de pequenos plantios em suas propriedades, bem como adquirirem mais informações, já que muitos se mostraram interessados em diversificar ou aproveitar suas áreas inativas com o cultivo do eucalipto.
Vantagens - A professora Sueli ressalta algumas vantagens da cultura e diz que um dos fatores que despertam o interesse pelo cultivo do eucalipto é que a cultura não demanda muita mão de obra. "A mão de obra é mais necessária no plantio e nos primeiros seis meses, quando é preciso cuidar do mato. A partir de seis meses é uma lavoura que pode ser deixada. O que está acontecendo hoje na agricultura é a falta de mão de obra. As pessoas estão envelhecendo e os filhos não estão mais ficando na roça, não está havendo renovação. Na cultura do eucalipto, se o produtor tem outra renda, pode manter uma área dessas e esperar para colher depois. Essa é a grande vantagem. E depois de cortar, vai dar sempre", sintetiza.
Laranja na vitrine - No estande do Projeto Laranja estavam expostos banners dos pomares dos primeiros citricultores a aderirem ao projeto. "Temos laranja em Cambira, Caloré, Jandaia, Mandaguari, Marilândia do Sul e Lunardelli, explicava aos visitantes o engenheiro agrônomo especializado em citricultura, Fábio Mulati, destacando que alguns pomares terão a colheita adiantada, devendo ocorrer entre setembro e outubro deste ano, estimada em mil caixas. Ele esclareceu que a produção de laranja no Brasil está concentrada a maior parte em São Paulo, com cerca de 80%. "O Paraná, que já ultrapassou Rio Grande do Sul, é o Estado que mais cresce em plantio, estando hoje com área plantada em torno de 30 mil hectares."
Garantias ao produtor - Mulati elencou as garantias oferecidas pela Cocari ao produtor interessado em ingressar no Projeto Laranja. A principal delas, segundo ele, é o recebimento de 100% da safra. "O produtor tem que se conscientizar que laranja é uma cultura perecível, que estraga fácil, então, ele precisa de um mercado garantido para colocar essa laranja e a Cocari garante isso", destacou. Outra garantia é a assistência técnica especializada. "Aquele produtor de laranja que não tem vínculo com a cooperativa, precisa pagar pela assistência técnica. No caso da Cocari, o produtor recebe isso sem custo", continuou.
Os cooperados assinam contrato de 10 anos com a cooperativa. "Isso é uma tranquilidade para o produtor e , após esse período, se o produtor quiser renovar, a gente renova."
Treinamento - Outro item nas garantias se refere ao treinamento. "O cooperado recebe treinamento, para que aprenda a lidar com a cultura. Tornar-se citricultor não é nada excepcional, mas requer alguns treinamentos", enfatiza Mulati. Ele acrescentou ainda que será instalado, em ponto estratégico da área de ação da Cocari, um silo de recepção para a produção dos cooperados. O produtor levará sua produção até o silo e de lá até a indústria parceira, que é a Cocamar, a Cocari se encarrega de entregar.
Remuneração - A remuneração da produção será baseada na commodity do suco de laranja. "Essa é a forma justa de pagar o produtor, assim como se paga a soja, milho, trigo ou qualquer outra atividade, sendo mais justo possível. Quando o preço está bom no mercado mundial, o produtor recebe bem, quando está mal, recebe mal, como qualquer produto agrícola", tranquiliza o agrônomo. Em busca da melhor opção de remuneração ao citricultor, a Cocari vai instalar um Packing House junto ao silo de recepção. Packing House é um classificador de laranja, que vai selecionar a fruta, direcionando a que está boa para o mercado in natura ou para a indústria. Segundo Mulati, funciona assim: "o produtor entrega a produção no silo, que passa pelo classificador. As caixas que forem secionadas para o mercado in natura receberão remuneração melhor, o restante receberá remuneração de acordo com o que estiver pagando a indústria. Essa é mais uma forma de valorizar a produção do cooperado", salienta.
Financiamento - A Cocari oferece a possibilidade de financiamento. Conforme explica o agrônomo, as mudas representam 60% do custo inicial da citricultura. "No financiamento da Cocari, o produtor não se envolve com banco, é direto com a cooperativa. O que existe é um contrato que determina a entrega de sua produção para a Cocari. O pagamento desse financiamento é feito com caixas de laranja, a partir do quarto ano de produção. Uma caixa de laranja equivale ao pagamento de uma muda. É um financiamento muito interessante", ressalta. Para esclarecimento, Mulati informou que existem outros tipos de financiamento, como o Pronaf Investimento, opção escolhida por um dos produtores do Projeto Laranja, que se disse contente, pois os juros são bem baixos.
Quebrando mitos - Há um mito de que a cultura da laranja não se desenvolve bem na região da área de abrangência da Cocari. "Muito pelo contrário, ela se desenvolve melhor e produz muito mais do que na região do arenito. Se compararmos com nossos vizinhos do arenito, nossa produtividade média é de três caixas por pé de laranja. Para eles essa produção seria alta. O solo argiloso da área da Cocari permite maior produtividade", reforça o engenheiro agrônomo especializado em citricultura. .
Questões econômicas - A equipe técnica da Cocari indica o cultivo de soja nos dois primeiros anos, para que o produtor tenha renda nos primeiros anos de desenvolvimento da lavoura. "Todos os nossos produtores fazem isso, porque é necessário manter uma cobertura na entrelinha da laranja, para proteger o solo e evitar algumas doenças. Então, que seja uma cultura que traga retorno financeiro ao produtor, pelo menos nos dois primeiros anos, porque nesse período o produtor não teria receita. Só a partir do terceiro ano. Somando os dois anos, daria em torno de R$ 1800,00 em lucratividade. Esse valor corresponde a 30% dos investimentos. No quinto de produção os investimentos se pagam e, a partir do sexto ano, até o 20º ano, é lucro garantido", disse o agrônomo. (Imprensa Cocari)