Clima favorece produção de trigo
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A produção de trigo prevista para o Brasil em 2003 deve atender quase metade da demanda nacional, um fato inédito nos últimos anos marcados por frustrações de safra devido a problemas climáticos. Em 2002, a produção brasileira - de 2,9 milhões de toneladas - foi suficiente para atender cerca de 30% do consumo nacional de 9,5 milhões de toneladas. Este ano, o percentual deve ficar em 47%, considerando uma safra de 4,5 milhões de toneladas para um consumo estável, de acordo com estimativa da Ocepar - Organização das Cooperativas do Paraná, principal Estado produtor de trigo. Além de reduzir a dependência dos moinhos brasileiros em relação ao trigo importado, a maior produção prevista já segura os preços do grão da safra velha na Argentina - principal fornecedor externo do Brasil. Apesar das recentes altas no mercado futuro dos EUA (ver matéria ao lado), que balizam o preço argentino, as cotações no país vizinho seguem estáveis em US$ 165 FOB por tonelada nos portos do sul, segundo traders. O mercado se estabilizou, explicam, porque os moinhos brasileiros estão demandando menos na Argentina à espera da safra nacional, que já começou a ser colhida em algumas regiões do Paraná. A maior produção no Brasil também deve pressionar os preços da safra nova argentina, que entra em dezembro.
Cotação - O efeito da maior oferta nacional nos preços domésticos acaba ocorrendo de forma indireta, já que eles são balizados pela paridade de importação. Isto é, o preço do trigo nacional equivale ao do importado, menos os custos de frete. Com os atuais preços na Argentina, os primeiros negócios da safra nova saem por R$ 470,00 a tonelada, segundo operadores. A expectativa, segundo Lawrence Pih, do Moinho Pacífico, é de que os preços do trigo nesta safra fiquem em patamares inferiores aos do ano passado, quando a tonelada bateu R$ 620 no Paraná. O executivo pondera, no entanto, que a safra maior beneficia basicamente os moinhos das regiões Sul e Sudeste. Isso porque os fretes inviabilizam as compras de moinhos nordestinos na região Sul, onde está concentrada a produção nacional de trigo. Assim, os moinhos da região Nordeste precisar importar todo o trigo que consomem.
Safra - Antenor de Barros Leal, vice-presidente da Abitrigo - Associação Brasileira da Indústria de Trigo -, trabalha com a previsão de uma safra de 4 milhões de toneladas, abaixo da prevista pela Conab, ainda assim destaca a menor dependência da Argentina. Lawrence Pih ainda é cauteloso e só acredita numa produção de 4,5 milhões de toneladas após a colheita. "Quero ver o trigo nos silos". Flávio Turra, da Ocepar, reitera que até agora o clima tem sido favorável, mas lembra que na safra passada, o trigo paranaense foi afetado por geadas em pleno mês de setembro. Este ano, as lavouras do Paraná estão em boas condições, segundo o Deral, com produtividade de 2,4 mil quilos por hectare. Até agora, geadas atingiram apenas a região de Francisco Beltrão, com quebra de 20 mil toneladas. As condições das lavouras no Rio Grande do Sul também são boas, conforme a Emater. (Fonte: Valor Econômico)