Causas e efeitos do desabastecimento do milho

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Depois de exportar 5,9 milhões de toneladas de milho no ano passado e 2,3 milhões de toneladas neste ano, o Brasil se depara com uma crise, talvez não tão séria quanto parece em função dos preços praticados no mercado. Ocorre que as indústrias integradoras e cooperativas que atuam com aves e suínos se preveniram com estoques e podem esperar até a próxima colheita. A Secretaria da Agricultura calcula que da safra do Paraná colhida neste ano, de 9,5 milhões de toneladas, cerca de 700 mil toneladas ainda estejam na mão dos produtores. Esse estoque deve ser suficiente para atender os produtores de aves e suínos independentes até o inicio da colheita da próxima safra.

Ajuste o mercado – A exportação foi uma decisão inteligente encabeçada pelas cooperativas, pois enquanto não havia mercado externo os preços eram baixos e mal remuneravam os produtores e com a exportação se internou o preço internacional para o milho, da mesma forma que ocorre com a soja. Como o governo se afastou da política de estocagem, as indústrias, empresas integradoras e cooperativas buscaram se auto-abastecer e o excedente ofertaram ao mercado interno ou externo, como o preço internacional remunerou mais os produtores, ocorreram exportações.

Custo do mercado – O milho que for adquirido hoje no mercado internacional vai chegar aos consumidores brasileiros ao custo maior que o praticado pelo produto nacional, segundo cálculo efetuado pela Gerência Técnica e Econômica da Ocepar. No momento os produtores que ainda têm milho estão vendendo a R$ 22,00 por saca e no ... o preço chega a R$ 25,00 por saca.

Facilidade sanitária na importação - O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento enviou para publicação no Diário Oficial da União desta sexta-feira as novas normas para análise dos riscos de pragas na importação de milho, visando facilitar o abastecimento. Uma instrução vai permitir que países tradicionalmente vendedores para o Brasil continuem efetuando as vendas mesmo que as análises dos riscos não estejam concluídas.

Contra redução da TEC - O ministro Pratini de Moraes telefonou, no começo da noite de ontem (quinta-feira), ao presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, solicitando que o setor se reunisse para apresentar proposta de solução aos problemas de abastecimento de milho. Segundo Pratini de Moraes, o governo tenciona reduzir a Tarifa Externa Comum (TEC) de 9,5% para 2%, para importação de milho. A Ocepar entende que o governo deve tomar alguma medida, porém lembra que o milho a ser importado agora não chegará ao mercado antes do início de janeiro, quando começará a entrar no mercado a nova safra brasileira. O milho importado poderá deprimir os preços do produto nacional na ocasião, que desestimulará o plantio da safrinha que ocorre já em janeiro.

Busca de solução - A Ocepar sugere que, na próxima semana, governo, produtores, cooperativas e traders se reúnam para buscar uma solução em conjunto. A razão é que os estoques existentes na mão dos produtores e os estoques próprios das indústrias integradoras e cooperativas sejam suficientes para atender ao mercado. O problema maior é atender aos consumidores distantes, especialmente do Nordeste. Caso o governo insista em reduzir a TEC para permitir importações, a Ocepar sugere que a importação fique limitada em 1 milhão de toneladas, o produto seja internado no máximo até 31 de janeiro e destinado para o Nordeste.

Reunião - Na tarde desta sexta-feira seria realizada uma reunião entre Ocepar, Secretaria da Agricultura e Federação da Agricultura com objetivo de discutir soluções ao problema da falta de milho no mercado nacional. As propostas de solução serão apresentadas ao Ministério da Agricultura no inicio da próxima semana. Os técnicos presentes à reunião disseram ser importante salientar que as autoridades sugerem que os produtores que ainda tem milho procurem ofertar ao mercado, com o objetivo de reduzir o problema imediato e porque se eles esperarem mais um mês é possível que com a chegada do produto importado o preço caia. Outra sugestão é a de evitar polêmica sobre o assunto na imprensa, subsidiando matérias sobre a morte de animais por conta da escassez do produto, como alguns veículos de comunicação divulgaram na semana passada.

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