CARNES II: Frigorífico apto sobreviverá, diz Fitch

  • Artigos em destaque na home: Nenhum

Frigoríficos como JBS, Bertin, Marfrig e Minerva podem ser beneficiados pela atual situação no setor de carne bovina, afirma relatório da Fitch Ratings, entitulado Brazilian Beef Sector - The Survival of the Fittest - Indústria Brasileira de Carne Bovina - A sobrevivência dos mais aptos, divulgado nesta quarta-feira (22/04).

Participação no mercado - Na avaliação dos analistas Jose Luis Villanueva e Gisele Paolino, da Fitch, essas empresas podem ser favorecidas pelo ganho de participação no mercado, ocupando espaços deixados por empresas em dificuldades, e/ou pelas melhores margens. Isso porque elas têm condições de pagar gado à vista aos fornecedores e têm fortes relacionamentos nos canais de distribuição. Dois dados importantes num momento em que o setor vive uma crise de confiança por conta de vários pedidos de recuperação judicial por parte de frigoríficos.

Fluxo de caixa - Entre as empresas citadas pela Fitch apenas a Bertin não tem seu rating avaliado pela agência de classificação. As demais são avaliadas: JBS (B+/estável), Marfrig (B+/estável) e Minerva (B+/Rating Watch Negative).A Fitch espera que a geração de fluxo de caixa para essas companhias se torne positiva em 2009, já que elas não apenas se beneficiam dos desdobramentos dos pedidos de recuperações judiciais - desde setembro do ano passado seis frigoríficos de médio porte e vários pequenos recorreram ao pedido -, mas também do melhor gerenciamento de capital de giro e menores dispêndios de capital.

Linha especial - A agência também avalia que o fechamento temporário de algumas plantas e a maior disponibilidade de financiamento devido ao recente anúncio do governo brasileiro de uma linha especial de R$ 10 bilhões para a agroindústria são positivas para essas empresas. A avaliação é de que a linha dá "algum fôlego ao setor" já que reduz o custo da dívida para as indústrias e reduz a dependência do financiamento à exportação de curto prazo, sob pressão devido à queda das vendas externas.

Desafios - Mas o relatório da Fitch diz que, apesar desses desdobramentos positivos, os desafios para o setor permanecem este ano por causa da recessão global. Além disso, a crise deve gerar volatilidade, protecionismo comercial, substituição no consumo de proteínas e escassez de crédito. A demanda do maior importador de carne bovina do mundo, a Rússia, segue fraca e a escassez cíclica de gado no Brasil não deve melhorar até o próximo ano ou 2011, diz o relatório.

Fundamentos - No longo prazo, porém, os fundamentos são positivos para a indústria brasileira, devido aos baixos custos de produção por aqui e o declínio da produção nos EUA e Austrália enquanto a demanda é crescente. Há ainda a expectativa de aumento das vendas para a Europa, hoje restritas por exigências da UE.

Êxito - "A Fitch espera que os sobreviventes do atual tombo no setor eventualmente tenham êxito numa indústria sujeita a riscos de preços de commodities, epidemias de doenças e vulnerável a políticas comerciais internacionais", diz o relatório. Afirma ainda que "a qualidade do crédito no setor vai depender do uso balanceado da dívida na consolidação desta fragmentada indústria, o que não deve continuar até 2010-2011". Menciona ainda que além de JBS, Bertin, Minerva e Marfrig, outro forte competidor pode surgir no caso de uma fusão entre Sadia e Perdigão. (Valor Econômico)

Conteúdos Relacionados