CARNES: Crise e câmbio derrubam venda externa

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A valorização do real em relação ao dólar, de 36,45% desde janeiro, e a crise internacional fizeram um estrago nas exportações brasileiras de carnes. Tradicional produtor de carne bovina barata para o mercado mundial, o Brasil já perde em competitividade para Argentina, Uruguai, Austrália e até Estados Unidos. A arroba do boi nacional custa o equivalente a US$ 44,53, valor superior aos US$ 29,91 da Argentina, US$ 34,57 do Uruguai, US$ 38,62 da Austrália e US$ 43 a US$ 44 dos EUA.

Matéria-prima - O real mais caro tem elevado os preços da matéria-prima em dólar em relação aos de países exportadores concorrentes, onde as moedas locais não estão tão valorizadas. Diante disso e de uma demanda que ainda não se recuperou totalmente no mercado internacional por causa da crise, as exportações de carnes em geral recuaram 24,1% em receita de janeiro a outubro, comparadas com as do mesmo período de 2008. A perda de exportações já passa de US$ 3 bilhões - a receita caiu de US$ 12,7 bilhões para US$ 9,6 bilhões.

Crise - "Boa parte disso é por causa da crise, mas a queda do dólar está atrasando a retomada", afirma Otávio Cançado, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec). Sem estímulo para vender lá fora, parte da carne que seria exportada acaba no mercado doméstico. Ele diz que os preços internos só não estão em queda porque a demanda está aquecida com o fim de ano e o aumento da renda.

Frango e suínos - Os exportadores de carne de frango e suína também se queixam da perda de competitividade. Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, com o dólar baixo os EUA podem ampliar suas vendas para Rússia e Hong Kong, concorrendo com o produto brasileiro. Crítico desde sempre do real valorizado, Camargo Neto avalia que o dólar baixo "coloca em risco o setor produtivo nacional". "Com a queda do dólar, a exportação de frango a partir dos Estados Unidos, que não é exportador tradicional, passa a ser competitiva", afirma Joesley Batista, presidente da JBS S.A. A empresa, que já tinha operações de bovinos e suínos nos EUA, acaba de entrar no segmento de frango com a compra da Pilgrim's Pride. (Valor Econômico)

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