CAMINHOS DO CAMPO: Plano vai equacionar 70% dos problemas, promete Stephanes
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As negociações que terão desfecho nesta semana "equacionam 70% dos problemas do endividamento rural", disse o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, no seminário de encerramento da Expedição Caminhos do Campo/Gazeta do Povo, em Londrina. As discussões sobre as dívidas começaram há um ano e envolvem financiamentos acumulados nas últimas três décadas pelo setor.
"Acho muito difícil nós conseguirmos chegar a 100%, mas avançamos bastante", avaliou Stephanes. Ele pressiona o Ministério da Fazenda a atender as reivindicações dos produtores, que tentam incluir nas negociações as dívidas da crise de 2004 a 2006. Uma reunião marcada para esta semana, em Brasília, deve definir a questão.
Renegociação é indispensável - Stephanes foi a presença aguardada no seminário, que reuniu cerca de 120 produtores, sábado, no Parque Governador Ney Braga, onde ocorre a ExpoLondrina. Durante o evento, ele debateu o problema com as lideranças agropecuárias do Paraná, que apontam a renegociação como fator indispensável à estruturação do setor.
Discurso - A organização das contas é necessária à sustentabilidade do campo, disse o presidente da Sociedade Rural do Paraná (SRP), Alexandre Kireeff. O setor necessita do apoio do governo na reavaliação dos débitos para continuar crescendo, defendeu João Luiz Biscaia, diretor da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep).
Avanço depende de uma solução - "O Paraná, com apenas 2,34% de seu território, produz mais de 20% dos grãos do país. Para que possamos ter avanço, precisamos solucionar definitivamente o problema do endividamento", declarou o presidente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski. Ele avalia que, dos R$ 87 bilhões em discussão, R$ 30 bilhões vencem até 2011. "Esse estoque de dívida tem que ser jogado para frente. Senão nós vamos ter de discutir esse problema ano após ano." Em sua avaliação, as margens de lucro da atividade rural não permitem a quitação das contas nos prazos previstos. Stephanes indicou aos produtores e lideranças que devem ocorrer avanços em relação à proposta de renegociação avaliada há uma semana, quando mais de 200 líderes ruralistas se concentraram em Brasília.
Propostas são insuficientes - Eles consideraram as propostas do governo insuficientes e devem voltar à capital nesta semana para retomar as discussões. O que está em jogo é a posição que o Brasil vai ocupar no mercado mundial diante do aumento da demanda por alimentos, dizem os produtores e o próprio ministro. "A perspectiva para o agronegócio brasileiro é enorme pelo crescimento do mercado de consumo e pelo aumento da demanda por biocombustível", observou o presidente da Ocepar. "Precisamos que os gargalos sejam solucionados para que o produtor possa contribuir com o desenvolvimento do país."
Crescimento - O secretário da Agricultura do Paraná, Valter Bianchini, disse que o Valor Bruto da Produção (VBP) deve crescer cerca de 40% e chegar a R$ 35 bilhões neste ano devido ao aumento da produção e aos preços acima das médias históricas. Ele também considerou que a sustentabilidade da agricultura será decisiva para o crescimento econômico. Essa projeção significa injeção de R$ 10 bilhões a mais na agropecuária paranaense, desde a safra 2005/06, quando o VBP atingiu R$ 25 bilhões.
Brasil - Outras regiões do mundo não têm a mesma possibilidade que o Brasil tem de ampliar a produção de alimentos, afirmou Stephanes. Ele considera que 100 milhões de hectares de terras estão parados ou são subaproveitados. A elevação nos preços das commodities agrícolas ocorre "porque o mundo descobriu que está comendo estoque", disse o ministro. "É difícil imaginar que a produção mundial continue a crescer a uma média de 5% ao ano para acompanhar o crescimento no consumo", observou. Em sua avaliação, o Brasil pode inclusive superar esse índice. (Gazeta do Povo)
Crédito das imagens: Rodolfo Buhrer