CÂMARA SETORIAL DEFINE AÇÕES DE COMBATE À CRISE NA SUINOCULTURA
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A Câmara Setorial da Suinocultura reuniu-se hoje (29), em Curitiba, para definir estratégias de atuação para combater a crise que atinge o setor. Uma das principais propostas é a realização de uma campanha para estimular o consumo da carne suína. O encontro foi definido na reunião da última segunda-feira (26), quando representantes da CPI dos Alimentos e de toda a cadeia produtiva da suinocultura decidiram intensificar as ações no sentido de minimizar a crise que atinge os suinocultores. Durante a reunião de hoje, foram apresentados alguns materiais de divulgação que serão utilizados durante a campanha: um folder com receitas e um panfleto que relaciona "10 bons motivos para incluir a carne suína no cardápio todo dia".
Passos definitivos - Presente à reunião, o deputado Orlando Pessuti, presidente da CPI dos Alimentos, disse que o trabalho da Comissão, agora com o apoio da Câmara Setorial, pode dar passos definitivos no processo de recuperação da suinocultura. O deputado explicou que é preciso ajustar a cadeia produtiva, de forma a regularizar a oferta à demanda. De acordo com Pessuti, a crise do segmento seria conseqüência de um estímulo dado produtores, diante de perspectivas de mercado, mas que não foi correspondido, uma vez que o mercado externo esfriou e houve sobras na produção. Além disso, continuou, os produtores também estão enfrentando dificuldades por causa do preço dos insumos (soja e milho). Pessuti espera propostas concretas da Câmara Setorial e disse que, se necessário for, a Assembléia Legislativa poderá encaminhar leis para apoiar o segmento.
Tributação - O engenheiro agrônomo Nelson Costa, gerente da área técnica da Ocepar, que esteve presente à reunião junto com Elias Zydeck, superintendente da Sudcoop (Frimesa), explicou a discussão também passa pela questão da tributação. Disse, que existe a necessidade de adequação das alíquotas do ICMS de alguns derivados não contemplados pela Lei Brandão. Esse assunto será encaminhado em uma reunião específica, com representantes da Secretaria da Fazenda.
Campanha - A Apras sugeriu que se faça uma campanha na TV, mostrando que o suíno nos últimos 20 anos passou por um processo de melhoria no manejo, onde o animal é criado em condições higiênicas, com qualidade de instalações. Outra sugestão da Apras é que se monte uma "bolsa de carne suína", com todos os frigoríficos disponibilizando os preços na internet. Isso iria criar um parâmetro de mercado, fazendo com que o frigorífico possa ter uma referência de preço dos fornecedores. Assim pode-se evitar que alguns frigoríficos pressionem os preços para baixo.
Supermercados - Representantes do Extra, Condor, Sonae, Festival, entre outros, disseram que estão atuando fortemente com promoções de derivados de carne suína, reduzindo preços e divulgando ofertas em seus meios de comunicação. Outra medida de apoio tomada pelos supermercados está sendo de melhorar a disposição do produto nas gôndolas. A Revista Supermix se comprometeu a fazer uma matéria especial sobre a carne suína. Ainda nesse sentido, no próximo mês, durante a Feira do Rio, a segunda maior do setor em todo o mundo, será desenvolvida uma ação efetiva para promoção do produto.
Indústria - O setor industrial, representado pelo Sindicarne, propôs a redução das margens dos supermercados. Também foi sugerido que os descontos praticados na relação fornecedores supermercados sejam suspensos até que o mercado volte a se normalizar, bem como a redução no prazo de pagamento dos atuais 45 dias para 21 dias. A indústria que atua no sistema de integração está pressionada pela superoferta, mas está garantindo aos seus produtores um preço mínimo que garante o custo de produção. O problema maior está no mercado "spot", que não é integrado. Nesse caso, o produtor não consegue segurar o suíno ou estocar a carne, sendo obrigado a vender no momento o animal que está pronto para o abate, pressionando a oferta. Hoje, no mercado "spot", o suíno vive é vendido a R$ 1,15 o quilo, enquanto o custo de produção é de R$ 1,45.
Produtores - É importante que a produção seja objeto de discussão na Câmara Setorial, sempre buscando o equilíbrio na oferta. Ponto de consenso entre os integrantes da cadeia, é que a Câmara Setorial realize um trabalho permanente para aumentar o consumo interno. Outra questão discutida é a necessidade de se enfocar melhor as vantagens da carne suína, comprovada cientificamente como uma das mais saudáveis. É importante que se garanta o preço mínimo ao produto.
Secretaria da Agricultura - A Câmara Setorial é coordenada pela Secretaria da Agricultura, com a participação da Secretaria da Fazenda, Ocepar, IAP, Sindicarne, Faep, APS, Fetaep, MAPA, Conab, Apras, Assosuper, entre outras entidades. O coordenador dos trabalhos será Norberto Ortigara e as discussões serão centralizadas na Secretaria da Agricultura. A próxima reunião será dia 16 de setembro, na sede da Apras, para aprovação do Regimento Interno. A minuta desse documento será elaborada por Nelson Costa, Oscar Richter e Péricles Salazar. A Câmara Setorial tem como finalidade principal promover a integração dos diversos agentes que interagem na cadeia produtiva da suinocultura, de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentável da atividade, nos aspectos sociais, econômicos e de meio ambiente.