BRASIL: Mesmo com economia fraca, renda real tem forte avanço

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Apesar da redução no ritmo de crescimento da economia, a renda real dos trabalhadores continua crescendo vigorosamente e será fator decisivo para uma recuperação robusta nos próximos meses. Em março, avançou 1,6% sobre fevereiro e 5,6% em relação ao mesmo mês de 2011. A demanda aquecida ainda empurra para o alto os preços dos serviços, que sobem há bastante tempo acima da inflação e podem exercer pressão de alta no futuro sobre os índices bem comportados do último trimestre. A inflação de serviços continua por volta dos 9%.

 

Renda média anual - A renda média real nas seis principais regiões metropolitanas do país alcançou R$ 1.728,40 em março, a mais alta da série histórica iniciada pelo IBGE em 2002. Para economistas, o forte crescimento da renda real em março não reflete apenas o aumento de 14% do salário mínimo, mas também um cenário ainda favorável aos reajustes, que não estão sendo inibidos pela ameaça de perda do emprego.

 

Menor desemprego - Os setores com maior ganho de renda também são aqueles com menor desemprego. Na construção civil, a renda real subiu 9,2% e nos serviços domésticos, 8,4%. No segmento "outros serviços" - no qual têm peso relevante serviços pessoais - a renda saltou 9,7%, maior variação entre os sete ramos pesquisados.

 

Escassez de mão de obra - Nesses três segmentos da economia, diz Fabio Romão, da LCA Consultores, o salário mínimo tem alto poder de indexação, mas, sobretudo na construção e nos serviços domésticos, a escassez de mão de obra é o que impulsiona a renda. "O poder de barganha do trabalhador está muito forte", afirma Fernanda Consorte, economista do Santander. Mesmo que o primeiro trimestre não concentre grande número de negociações salariais, os reajustes concedidos no início do ano superaram a inflação. Em sua projeção, a renda real dos trabalhadores vai crescer 6,5% no ano, mais que o dobro de 2011.

 

Revisão - Fabio Ramos, da Quest Investimentos, revisou de 2,5% para 4,5% sua estimativa para o aumento dos salários reais em 2012. Neste momento, diz o economista, o maior poder de compra está se transformando em consumo de bens semiduráveis e não duráveis - como alimentos e vestuário - devido ao endividamento do consumidor. Na segunda metade do ano, ele prevê maior expansão do crédito, que irá acelerar também as vendas de duráveis e o ritmo da atividade econômica. Em relatório, a equipe econômica do HSBC aponta que o "impressionante crescimento dos salários reais ainda evidencia os riscos de inflação". (Valor Econômico)

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