AVES II: Tyson e Globoaves devem concluir joint venture em janeiro
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Uma nova empresa, fruto da joint venture da paranaense Globoaves, com sede em Cascavel, com a americana Tyson Foods, deve começar a operar no Brasil em janeiro de 2007. Se concluído o negócio, que está em fase de “due dilligence” (auditoria nas duas empresas para que sejam estabelecidos valores), o Paraná terá uma empresa concorrente às gigantes Sadia e Perdigão. Procurada pela reportagem, a Globoaves não deu informações sobre o negócio, alegando que o acordo entre as empresas exige confidencialidade durante o período de “due dilligence”. A negociação entre as duas empresas foi confirmada à Gazeta do Povo por executivos da Globoaves em abril deste ano. Na época, a empresa relatou o interesse em um parceiro que a ajudasse a entrar no segmento de produção de alimentos à base de frango. O grupo é líder no fornecimento de ovos fertilizados e de pintos de um dia (pintainhos) para as granjas brasileiras, e em 2003 passou a abater aves. A idéia da parceria é aumentar a produção do frigorífico localizado em Cascavel, hoje com capacidade para receber 150 mil frangos por dia, e beneficiar a carne em uma nova unidade industrial. Esta não será a primeira joint venture da Globoaves com empresas americanas. Em 1995, a empresa uniu-se à Cobb-Vantress Incorporated para produzir a linhagem Cobb de pintainhos. Quase a metade (40%) do frango de corte consumido no país é da linhagem Cobb. Outra parceria internacional da granja paranaense é com a holandesa Hendrix, detentora das genéticas Hisex e Bovans.
Subsidiária - Com a parceria, a Globoaves criou a subsidiária Interaves, e passou a distribuir matrizes avós para o Brasil e países vizinhos. As galinhas poedeiras, de alta produtividade, chegam à média de 333 ovos por ave alojada. Segundo fontes do setor avícola, foram essas parcerias, e a visão de mercado da família Kaefer – Alfredo Kaefer, do grupo Diplomata, e seu irmão Roberto Kaefer, majoritário da Globoaves – que transformaram a paranaense de simples granja à maior produtora individual de pintos do país, alcançando a marca de 40 milhões de pintainhos por mês. Os ovos e aves da Globoaves são distribuídos em todo o Brasil e países da América Latina. Também não é a primeira vez que a Tyson, maior processadora de carnes do mundo, demonstra interesse no mercado brasileiro. A empresa, de capital aberto e com faturamento anual de US$ 26 bilhões, foi cotada para adquirir a Da Granja e a Seara, mas acabou não entrando nos negócios. O interesse da Tyson no mercado avícola brasileiro são os acordos internacionais do Brasil com o mercado europeu. Os Estados Unidos têm restrições para exportar carne para a Europa, e a Tyson usaria a plataforma da Globoaves para alavancar as exportações para aquele continente. A Tyson tem sede no Arkansas. Além de líder no processamento e comercialização de carne de frango, carne bovina e suína, é a segunda maior empresa americana no setor de alimentos da lista Fortune 500. Especula-se no mercado que o valor do negócio seria de R$ 70 milhões – de aporte da americana – e que o controle da nova empresa ficaria entre 35% e 45% para a Globoaves e entre 55% e 65% para a Tyson.
Paraná disputa exportações com Santa Catarina - O interesse da Tyson por uma empresa paranaense não é por acaso. O Paraná é o maior produtor de frango de corte do Brasil, e o segundo maior exportador, atrás apenas de Santa Catarina por uma diferença muito pequena: no acumulado do ano até setembro, o Paraná exportou 540 mil toneladas de frango, e Santa Catarina, 541 mil toneladas, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). No ano passado, os frigoríficos paranaenses fecharam o ano próximos da marca de 1 bilhão de cabeças abatidas, contra 331,2 milhões em 1994. Em 2004, a produção foi de 1,9 milhão de toneladas, ou 22,7% da produção nacional. Dez anos antes, o estado produziu 517 mil toneladas, ou 15% da produção nacional. O crescimento tanto na produção quanto na exportação é atribuído a dois fatores principais: a facilidade de escoamento do produto e a produção de milho e soja no estado, matéria-prima para a alimentação de frango. O Brasil é o terceiro produtor – atrás apenas de Estados Unidos e China – e é o maior exportador de carne de frango no mundo. Em dez anos, a produção nacional cresceu 250% em volume, graças à redução do período de alojamento – de 50 dias para 42 dias – e ao ganho de peso das aves, que passaram de 1,8 kg em média, para 2,0 kg. (Tudo Paraná)