AMERICANOS PROPÕEM REDUZIR TARIFAS

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Os Estados Unidos anunciaram uma proposta "arrojada e visionária" de redução em US$ 100 bilhões por ano as subvenções para reformar o comércio agrícola mundial. Prega a redução das tarifas de 62% para 15% na média e limitação dos subsídios domésticos à agricultura a um teto de 5% do valor da produção. Washington calcula que sua proposta reduzirá em mais de US$ 100 bilhões os subsídios internos que distorcem o comércio (caixa amarela). Na prática, exige mais da União Européia e do Japão e menos dos próprios norte-americanos. O documento deve ser explicado nesta sexta-feira pela secretária da Agricultura dos EUA, Ann Veneman, durante reunião com o G-5 agrícola (EUA, Austrália, Canadá, União Européia e Japão). Na semana que vem, a proposta será apresentada na Organização Mundial de Comércio (OMC), em meio à desconfiança generalizada depois da montanha de subsídios aprovados recentemente pelo Congresso na nova lei agrícola. (Fonte: O Valor)

Limite nas tarifas - Os EUA defendem que todos os membros da OMC reduzam as tarifas usando uma fórmula que corta mais as altas tarifas do que as baixas. Nenhuma tarifa agrícola seria superior a 25%, provocando redução de tarifas agrícolas de 62% para 15% na média em cinco anos. A média tarifária agrícola dos EUA é de 12%, enquanto no resto do mundo é 62%. Washington quer também "simplificar" o apoio doméstico aos agricultores, para definir se os subsídios distorcem ou não o comércio. As subvenções que distorcem (caixa amarela) seriam limitadas a 5% do valor da produção agrícola. Os americanos também alegam que pelas regras atuais os subsídios autorizados pela "caixa amarela" são muito desproporcionais.

Desconfiança - "Trata-se de retórica afastada da prática; infelizmente a proposta americana perde muito em credibilidade", disse o secretário de Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura, Pedro de Camargo Neto. "É o típico faça o que eu digo, não o que eu faço", diz o professor Marcos Jank, da Universidade de São Paulo. "Os EUA estão tentando colocar a culpa nos outros países desenvolvidos, passarão a dizer que a culpa pela falta de progresso na rodada da OMC é da Europa ou do Japão", diz Camargo. Para Jank, o mais importante para o Brasil na iniciativa americana é se realmente houver redução na caixa amarela (subsídio que distorce o comércio). Quanto a tarifas, o que interessa não é a média tarifária, e sim os picos e quotas. Os países industrializados têm muitas tarifas baixas, mas as poucas altas afetam justamente os produtos que mais interessam ao Brasil hoje e no futuro, como açúcar, álcool, fumo, suco de laranja e laticínios.

G-5 agrícola sem o Brasil - O Brasil está fora do encontro de cinco grandes países exportadores e importadores de produtos agrícolas, que hoje(sexta) e amanhã discutem as relações comerciais em reunião realizada em Nara, Japão. O grupo que começa a chamar de "G-5 agrícola" é formado por Austrália, Canadá, EUA, Japão e União Européia. A ausência do Brasil nesse grupo fechado é, segundo analistas, uma sanção sobre sua postura nas negociações. É um rejeição pesada quando se considera que o País tem o maior saldo comercial agrícola do planeta, de US$ 20 bilhões, é o maior exportador de açúcar e de café, o segundo de soja e de suco de laranja, vedete nas vendas de carnes, tem a maior fronteira agricultável, registra aumento de produtividade de 120% no algodão e de 70% em grãos etc. Quem coordena o grupo dos exportadores ditos leais é a Austrália, um país que tem a ganhar menos com a liberalização e é muito ativo na OMC em nome do Grupo de Cairns (integrado pelo Brasil), que criou e coordena.

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