ALGODÃO: Preços têm reação no país

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Depois de recuarem 61% entre 15 de abril e 20 de julho, as cotações do algodão no mercado interno reverteram o movimento e já subiram consideravelmente desde o fim de julho. No período de dez dias até sexta-feira (05/08) - e apesar da queda de sexta -, os preços subiram 21,6%, conforme o indicador Cepea/Esalq, em um movimento impulsionado pelo atraso na colheita da pluma e pelo aumento das exportações.

Colheita - Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), até agora 50% da área plantada da pluma no país foi colhida, quando o normal para este período seria um percentual de 60%. Por causa disso, só agora as exportações começam a ganhar impulso. De acordo com estatísticas da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela Safras & Mercado, os embarques estão 42% maiores do que em igual mês de 2010, em 27,7 mil toneladas.

 

Acumulado - Já no acumulado do ano comercial (de março a julho), os volumes não chegam à metade do que foi embarcado no mesmo intervalo do ano passado. Alcançam 58,9 mil toneladas, ante 121,6 mil toneladas de igual período do ano passado, segundo a Safras. Sérgio De Marco, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), diz que o produtor está cumprindo seus contratos de exportação e não está sobrando muito para o mercado interno.

 

Receio - Ele acredita também que os consumidores de algodão no mercado interno estão com receio de que a safra nacional não seja tão grande quanto se imaginava. Em meados do mês passado, a Abrapa revisou a colheita em 1,75 milhão de toneladas, 13% menos do que apontavam as estimativas iniciais. Agora, a entidade já elevou a estimativa de quebra para níveis entre 15% e 20%, de acordo com De Marco.

 

Estabilização - Mas Élcio Bento, analista da Safras & Mercado, não acredita que os preços manterão essa recuperação por muito tempo. A partir de 20 de agosto, quando a colheita entrar em ritmo mais forte e os embarques estiverem avançados, poderá haver uma estabilização e um retorno para a tendência de baixa. "Acredito que o mercado esteja tomando um fôlego, mas a tendência segue de baixa, uma vez que a despeito da menor safra americana, a produção mundial vai crescer". As turbulências econômicas globais também exercem pressão baixista sobre as cotações.

 

Safra mundial - Relatório recente do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aponta para uma safra mundial de 123,16 milhões de toneladas, 7,5% maior do que a da temporada passada (2010/11). Com isso, os estoques mundiais vão crescer, prevê o USDA, de 44,4 milhões de toneladas para 51 milhões de toneladas.

Poucos negócios - O vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Ivan Bezerra de Menezes Junior, afirma que houve um aquecimento inicial das vendas com o recuo dos preços. Mas que na medida em que as cotações começaram a subir novamente, as têxteis recuaram. "Praticamente não houve negócios nesta semana", observa Bezerra.

 

Divergência - Sobre os rumores de quebras de contrato, o vice-presidente da Abit informou que um volume que representa 0,25% da produção esperada de 1,8 milhão de toneladas da pluma é objeto de divergência entre as partes (comprador e vendedor) por causa do não cumprimento de contratos de algodão. Bezerra também preside o Comitê de Ética do Algodão, que inclui Abit, Abrapa, Anea (entidade que reúne exportadores de algodão) e corretores. "Ainda são casos pontuais", afirma ele. (Valor Econômico)

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