A QUESTÃO DO LEITE NO OESTE DE SC
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Parceria? Neivor Canton também disse que não houve negociação para realização de parceria entre Agromilk e a Parmalat e o objetivo da parceria com a Batavo (depois transformada em Batávia), foi a busca de novos mercados em função da expansão da produção com a indústria longa vida instalada em Concórdia, e não o pagamento do financiamento da indústria. Reconheceu que os baixos preços praticados no mercado é a razão principal da redução no número de cooperativas filiadas à Agromilk que entregam a produção para ser processada na indústria de Concórdia. Hoje, cerca de 11 mil produtores, associados a 6 das 11 cooperativas filiadas à central Agromilk, entregam a produção à Batávia, cuja parceria não tem prazo para terminar. ?A parceria está em constante avaliação; foi muito interessante, e no começo foi mais atrativa que agora?, observou Ivanor Canton.
Nova opção - As discussões, atualmente, estão direcionadas para a viabilidade de um novo empreendimento para receber, processar e comercializar a produção da região, mas ainda não há nada definido. ?Ainda é prematuro. O assunto está sendo alvo de discussão interna na Aurora, é tema de palestras com profissionais do mercado, de indústrias e de marketing, procurando dar horizonte?, frisou. O potencial de expansão da produção e do mercado vai permitir que os produtores façam novos investimentos. Mas, por enquanto nada está bem definido quanto ao novo empreendimento. Certo é o baixo preço pago aos produtores de leite em todo o Brasil, com desníveis regionais. A Batávia paga R$ 0,25 pelo litro posto na indústria em Concórdia; efetuados os descontos diversos, o produtor recebe menos de R$ 0,23 por litro, que é o motivo do descontentamento não apenas dos produtores catarinenses.
Brasil pode ser competitivo ? Só a produção de leite com qualidade vai resolver o problema da remuneração dos produtores no Brasil, segundo análise de especialistas do setor. A grande mudança começa a ocorrer neste ano, com a auto-suficiência na produção, ante a expectativa de que isso iria ocorrer só no ano 2005. Como a produção continua se expandindo mais que o consumo, só resta uma alternativa: exportar leite em pó e queijos. Mas, para isso, é preciso obter a qualidade exigida pelos mercados importadores e organizar as indústrias para a formação de parcerias ou consórcios de exportação, a exemplo do que está sendo pensado entre a Confepar, a Central Paulista, a Itambé e outras, que querem formar uma trading para atuar no mercado importador e exportador. Qualidade, volume e constância são os requisitos para se ter sucesso nessa área, condições que poucos grupos brasileiros poderiam cumprir sozinhos. A Portaria 56, a vigorar a partir de 2002, foi instituída com o objetivo de dar ao leite brasileiro, e conseqüentemente aos seus derivados, a qualidade necessária para alcançar os mercados internacionais. O custo de produção de leite no Brasil é um dos mais baixos do mundo: US$ 0,14 por litro. Mas o país terá que competir com o preço de concorrentes competentes: US$ 0,10 a US$0,14 da Nova Zelândia e sul da Austrália; US$ 0,12 a US$ 0,14 do sul da Austrália; e US$ 0,13 a US$ 0,17 da Argentina e Chile. Sem falar nos subsídios, especialmente da União Européia.
Ecologia e leite ?barriga-mole? ? Para o gerente Técnico e Econômico da Ocepar, Nelson Costa, o leite ?barriga-mole?, vendido em sacos de plástico, pode ser uma boa opção para indústrias ou cooperativas que conseguirem se impor em mercados regionais, por várias razões. A primeira diz respeito a embalagem do leite longa vida, cada vez mais rejeitada em termos ecológicos, pois demora cem anos para se decompor no ambiente. E apesar de ser reciclável, apenas 0,016% dessas embalagens vai para indústrias de reciclagem. Além do mais, 1/4 do custo total do litro de leite refere-se a embalagem, significando que a família que consome 60 litros por mês gasta R$ 30,00 apenas em embalagem. A segunda razão é o ganho ecológico e, segundo médicos, o ganho em termos de saúde ao consumir o leite pasteurizado da forma tradicional. Apesar da menor praticidade da embalagem, da necessária refrigeração e de não poder ficar estocado por tanto tempo quanto o longa vida, tem custo menor. Através de apelos ligados à saúde e ecologia, pode haver um aumento no consumo desse leite. É preciso, no entanto, ter coragem para enfrentar o poderio econômico dos defensores das embalagens tipo longa vida, que conseguiram implantar 132 fábricas no Brasil, nos últimos anos.