2011 OUTLOOK FORUM: Plantio recorde nos EUA não garante folga nos estoques

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Os Estados Unidos irão plantar na próxima temporada a sua maior área de soja e milho da história, mas, ainda assim, o país vai precisar de mais dois anos para reconstruir os seus estoques de grãos e frear o aumento dos preços no mercado internacional. A avaliação foi feita pelo USDA, o departamento norte-americano de agricultura, durante o seu fórum mundial do agronegócio, o Outlook Forum, na semana passada em Arlington, no estado da Virgínia.

Estimativas - De acordo com as estimativas apresentadas pelo governo norte-americano durante o encontro, os EUA irão semear neste ano recordes 31,5 milhões de hectares de soja e 37,2 milhões de hectares de milho, área que só perde para os 39 milhões de hectares cultivados em 2007/08. Com rendimentos próximos à linha de tendência, o USDA projeta safras de, respectivamente, 91 milhões e 348,7 milhões de toneladas.

 

Reservas - Com ligeira redução no consumo de soja e pequeno aumento na demanda pelo milho, ao final da temporada 2011/12, as reservas norte-americanas de soja devem somar 3,35 milhões de toneladas, volume suficiente para apenas duas semanas de consumo, enquanto os estoques de milho recuam a 16,84 milhões de toneladas, o menor nível desde 1996.

 

Estoques apertados - "Embora se diga que a cura para os preços altos são justamente as cotações fortalecidas, mesmo com a oferta maior de grãos prevista para este ano, é muito provável que os estoques continuem apertados e a que esse aperto não seja atenuado em uma ou até duas temporadas. A menos que o clima seja absolutamente perfeito e que os rendimentos fiquem muito acima da média, os estoques de grãos devem ter apenas uma reconstrução modesta em 2011/12", disse o economista chefe do USDA, Joseph Glauber, durante a plenária de abertura da conferência, na última quinta-feira.

 

Etanol - A produção maior, explicou Glauber, é ofuscada por estoques de passagem baixos e, no caso do cereal, o aperto é agravado pelo aumento da demanda para a fabricação de etanol, que neste ano deve consumir 127 milhões de toneladas, quase 40% da safra norte-americana de milho. Para a oleaginosa, o USDA projeta estabilidade no consumo doméstico e leve recuo nas exportações, principalmente devido à "renovada competição com a América do Sul", segundo o economista-chefe do departamento.

 

América do Sul - "Os EUA estão começando a se preocupar com a competitividade da América do Sul, e principalmente do Brasil, na soja. Eles ainda não percebem que também somos muito competitivos no milho", avaliou o gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flavio Turra, que acompanhou uma equipe da Expedição Safra no Outlook Forum.

 

Benefícios - Segundo ele, os números apresentados pelo USDA durante o congresso beneficiam tanto a soja quanto o milho brasileiro, "apesar de serem mais favoráveis para a oleaginosa no curtíssimo prazo, nos próximos dois anos". No médio prazo, contudo, tendem a incentivar também o cereal brasileiro. "Nas discussões do fórum, ficou muito claro que o milho é um produto muito demandado que nos oferece uma ótima alternativa de internacionalização da nossa produção, principalmente com as vendas para a China, que deve passar a comprar muito a partir de agora."

 

Diferencial - Segundo Turra, a disponibilidade de áreas novas que ainda podem ser incorporadas à produção confere ao Brasil um diferencial competitivo frente aos EUA. "Para nós é muito mais fácil aumentar a área se houver preço e mercado para isso. Já eles, só podem crescer em cima de aumento de produtividade", observou. "A realidade é que estamos olhando para uma população de 9 bilhões de pessoas até o ano de 2050. Ao mesmo tempo, assistimos também ao crescimento da classe média e à consequente mudança dos hábitos alimentares em países com grandes populações, a China e a Índia, para citar dois. Essa situação nos impõe um grande desafio, tão grande que os agricultores americanos não poderão enfrentar sozinhos. Eles vão precisar da ajuda de produtores, do resto do mundo, para produzir alimentos suficientes para alimentar a essa população mundial crescente", reconheceu o secretário da Agricultura dos EUA, Tom Vilsack. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)

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