TRIGO: Produção paranaense fará com que país reduza importações

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O Paraná é o maior Estado produtor de trigo, que atende as exigências da indústria de panificação. Esse esforço vem sendo conquistado graças à contribuição de pesquisas, que desenvolvem variedades mais produtivas do grão, e das políticas públicas em apoio à produção. Na Escola de Governo desta terça-feira (06/10), o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, apresentou o balanço das medidas do Governo do Paraná contribuir com o projeto nacional de elevar a produção de trigo para, até 2012, suprir 70% do consumo no País.

Potencial - Esse projeto desenvolve o potencial do Brasil em produzir trigo de qualidade e reduzir a evasão de divisas e a dependência das importações do grão, em atendimento à necessidade de segurança alimentar do País. No ano passado, o Brasil gastou US$ 1,42 bilhão com a compra de trigo importado, a maioria vinda da Argentina e da região do Mercosul.

Iapar - Bianchini destacou o trabalho do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), que desenvolveu variedades que estão sendo plantadas até no Paraguai, que está exportando trigo para o Brasil. E também, a medida mais recente adotada pelo governo do Estado ao subvencionar em até 30% o pagamento do prêmio do seguro agrícola para as lavouras de trigo, complementando a subvenção dada pelo governo federal que atinge até 70% do prêmio.

Tecnoshow - O presidente da Sociedade Rural do Paraná, Alexandre Kireeff, apresentou na Escola de Governo os resultados de uma discussão sobre esse tema ocorrida na semana passada durante a 4ª Tecnoshow, realizada em Londrina, da qual participaram os principais representantes da cadeia produtiva do trigo. Segundo Kireff, ficou claro que o projeto nacional de autossuficiência do País na produção de trigo está sendo prejudicado pelo conflito entre os Estados produtores e consumidores de trigo. Atualmente a produção está concentrada na região Sul do País, entre o Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, que atende as necessidades da região e até parte das regiões Centro-Oeste e Sudeste. Para as demais regiões, a dificuldade de logística impede o transporte e os demais Estados se acostumaram com o consumo do trigo importado.

Dependência - Para Kireff, enquanto os Estados produtores buscam e investem no aperfeiçoamento das tecnologias de produção e nas políticas de sustentação das lavouras, como se faz no Paraná, os Estados consumidores pensam apenas no viés econômico de curto prazo. E o resultado é a dependência das importações e desperdício do potencial de produção, apontou.

Soberania - Para Kireff, a decisão do país produzir o trigo que consome tem que ser política já que implica em soberania de um País. O empresário listou uma série de políticas adotadas pelo governo federal em apoio à produção nacional de trigo, mas lembrou a dificuldade de liquidez do produto em período de safra, o que significa que as medidas que vem sendo adotadas precisam ser aperfeiçoadas.

Quebra - Segundo o secretário Bianchini, o Paraná é o maior Estado produtor de trigo e em condições normais de clima o Estado produz acima de 3 milhões de toneladas de grãos, que no ano passado representou 54% da produção nacional. Para este ano, com o excesso de chuvas a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento está prevendo uma quebra de 20% na produção e o volume produzido deve cair de uma expectativa inicial de atingir 3,49 milhões de toneladas para 2,8 milhões de toneladas. Em função dessa quebra de produção, o secretário estima que devem ser pagos cerca de R$ 3,5 milhões em prêmio do seguro nas lavouras paranaenses, sendo que desse total 70% serão bancados pelo governo federal e o restante, entre 15% e 30% serão bancados pelo governo do Paraná.

Responsabilidade - Para o diretor-presidente do Iapar, José Augusto Picheth, o País tem potencial para produzir trigo de qualidade e o instituto de pesquisas do Paraná vem trabalhando, como vem fazendo a Embrapa e a Codetec (instituto de pesquisas das cooperativas) no desenvolvimento de variedades de trigo produtivas, resistentes a doenças e que produzem grão conforme as exigências da indústria de panificação.

Momento ideal - Segundo Picheth, o momento de expandir a produção é ideal já que a Argentina, a principal fornecedora de trigo para o Brasil, está perdendo sua capacidade de exportação. A produção de trigo argentino caiu de 16 milhões de toneladas para 8 milhões de toneladas, o que fica mais evidente a dificuldade daquele País em manter as exportações.

Rendimento - Segundo o pesquisador do Iapar, Carlos Roberto Riede, com os esforços da pesquisa o rendimento do trigo no Paraná vem aumentando 40 quilos por hectare a cada ano. A produtividade avançou para uma média de 3.000 quilos de grão por hectare e existem pesquisas com variedades que produzem até 6.000 quilos por hectare, anunciou. Ele salientou que uma das variedades mais produtivas desenvolvidas há cerca de 10 anos, a IPR-85, tem uma grande demanda entre os produtores pela qualidade do grão e excelente força de glúten, característica exigida pela indústria. (AEN)

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