TRIGO IV: Perduram as turbulências no mercado internacional

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A quebra da produção de trigo na Rússia e em outros países europeus continua a provocar turbulências e fortes oscilações de preços no mercado internacional e a alimentar expectativas e incertezas em outros exportadores como a Argentina e em países importadores como o Brasil, que abastece mais da metade de sua demanda doméstica com cereal de fora.

Quadro confortável - Apesar do nervosismo, ainda prevalece entre analistas a convicção de que o quadro global de oferta e demanda da commodity é mais confortável do que entre 2007 e 2008, quando as cotações, também impulsionadas por apostas especulativas, chegaram às alturas e ajudaram a alimentar uma "agroinflação" mundial com reflexos negativos principalmente em países menos desenvolvidos.

Argentinos - Não é por isso, contudo, que os produtores argentinos deixaram de pedir ao governo uma ampliação de 100% na cota oficial de exportações, que assim chegaria a 6 milhões de toneladas este ano. O ministro da Agricultura do vizinho, Julián Domínguez, já sinalizara essa possibilidade desde que a safra local fosse suficiente para garantir as 6,5 milhões de toneladas consumidas no país, segundo informou a Bloomberg. Mas, agora, o movimento ganhou fôlego.

Moinhos - Também os moinhos instalados no Brasil já reajustaram a farinha de trigo para cima para tentar recompor suas margens, o que colocou em xeque as projeções que indicavam quedas de preços domésticos nesse mercado. "Passamos a ter uma pressão de alta que não havia antes", concorda Renata Alves, analista setorial da consultoria Lafis.

Derivados - Renata ressalva que nem todos os derivados subirão por causa disso, mas, como já informou o Valor, as massas, por exemplo, ainda deverão ficar mais caras. Antes da crise deflagrada pela quebra da produção global, a Lafis estimava para 2010 uma redução de quase 6% dos preços da farinha de trigo no país em relação ao ano passado, em parte em virtude de um previsto aumento da produção local.

Valorização - A projeção da Lafis para as cotações internacionais também era de baixa na comparação com 2009, mas, em meio às turbulências, a valorização resiste. Na bolsa de Chicago, uma das principais referências para o comércio do cereal mundo afora, a alta desta quarta-feira (18/08) - a primeira após três sessões de baixas que "corrigiram" as disparadas de julho e do início deste mês - levou os contratos futuros de segunda posição a acumularem ganhos de 24,1% em 2010, de acordo com cálculos do Valor Data.

Correção - Para traders de Chicago consultados pela agência Dow Jones Newswires, a alta desta quarta-feira (18/08) foi outra "correção", já que os contratos chegaram a perder US$ 2 por bushel após atingirem máximas em dois anos. Sobrou a sensação de que, apesar de o clima na Rússia ter dado claros sinais de melhora, nem todas as incertezas do mercado se dissiparam. Na visão dos traders, prova disso é o fortalecimento da demanda externa pelo trigo produzido nos Estados Unidos. Nesta quarta foi a vez do Egito, outro grande importador, encomendar mais um carregamento. Daí o interesse argentino. (Valor Econômico)

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