TEMPO: Clima contraria previsões

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O fenômeno La Niña poupou a safra de verão. As previsões eram de chuvas mal distribuídas, estiagens de até três semanas e temperatura pouco acima do normal. Nada disso ocorreu. Não faltou água em nenhuma região e os termômetros registraram frio em pleno janeiro. Apesar de a produtividade não estar sendo tão boa quanto se esperava, o balanço do tempo é positivo. "Se eu tivesse que pedir chuva, não saberia dosar tão bem", afirma o produtor de sementes Carlos Alberto Zuquetto, de Catanduvas (30 quilômetros de Cascavel). Apesar de ter sido forçado a entregar soja-semente no mercado comum, porque a chuva atrasou a colheita em uma semana, ele afirma que o tempo foi ótimo para a produtividade. A quantidade de semente rebaixada corresponde a apenas 10% de sua produção e, considerando toda a lavoura, Zuquetto saiu ganhando com a umidade, que favoreceu o enchimento dos grãos. A soja rendeu 3.170 quilos por hectare (3% a mais que no ano passado) e o milho de verão 8.670 quilos/ha (6%).

Produtividade - As chuvas ajudaram a elevar a produtividade de modo expressivo em lavouras como a de Herbert Theobald Ladwig, de Marechal Cândido Rondon (Oeste). No ano passado, ele colheu pouco: cerca de 2.000 quilos de soja por hectare. Nesta safra, escolheu melhor as sementes e obteve até 3.700 quilos/ha. No milho, a produtividade cresceu de 7.400 para 8.300 quilos/ha (12%). "O clima ajudou bem e estamos nos equilibrando de novo." Com trator e plantadeira de cinco anos, ajustar as contas é sua prioridade, afirma.

Melhora - O clima melhorou muito, avalia o agrônomo Edson Luiz de Souza, de Marechal Rondon. Ele lembra que, em 2004, o milho safrinha sofreu com a geada. Nas safras 2004/05 e 2005/06, a seca instalou uma crise no setor de grãos. No ciclo 2006/07, parte dos produtores ainda enfrentou estiagem. "Agora é que as coisas começam a melhorar." Por enquanto, não há como reclamar do clima também para o milho safrinha. Mesmo as lavouras semeadas tardiamente, depois de vencidos os prazos do zoneamento, estão crescendo com vigor.

Chuvas e geadas - Áreas com diferença de uma semana têm variações expressivas de tamanho. O problema é que as previsões meteorológicas indicam redução nas chuvas e a ocorrência de geadas entre maio e junho. Mais uma vez, os produtores torcem para que essas avaliações não se concretizem. As chuvas que favoreceram o desenvolvimento da safra agora atrapalham a colheita. Tem região do estado onde as precipitações interrompem a trabalho das colheitadeiras e atrasam o cultivo do milho safrinha, como no Norte e Noroeste do Paraná.

 

Problemas ocorreram mais ao Sul - Antes do plantio de verão, em setembro do ano passado, quem perguntasse aos meteorologistas se deveria investir alto na produção de grãos teria resposta negativa. A orientação era para o setor agir com cautela. Em ano de chuva irregular, os riscos para a agricultura aumentam e, dessa forma, quanto mais se investe, mais se perde em caso de seca. No entanto, quem apostou alto saiu ganhando, com boa produção e preços elevados. Para Luiz Renato Lazinski, especialista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as previsões se concretizaram em partes. "Tivemos chuvas pouco abaixo da média, mas bem distribuídas no Paraná, com casos raros de estiagem. A irregularidade que estava prevista para nossa região ocorreu mais ao Sul, afetando parte do estado do Rio Grande do Sul e da Argentina." Ele explica que os ventos que bloqueavam a chegada das frentes frias ao território paranaense perderam efeito em meados de outubro.

Influência continua - O meteorologista alerta que o fenômeno La Niña continua influenciando o clima da região. As chuvas dos últimos meses só teriam privilegiado o estado porque o Atlântico estava mais quente que o normal e, dessa forma, compensou o resfriamento das águas do Pacífico. Lazinski afirma que já há sinais de estiagem na região Sudoeste e que não será surpresa se a geada do fim de maio de 2007 se repetir. (Gazeta do Povo/Caminhos do Campo)

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