Seminário de Tendências da OCB III
- Artigos em destaque na home: Nenhum
Dois painéis simultâneos foram realizados na manhã de quarta-feira, durante o segundo dia de trabalhos do II Seminário Tendências do Cooperativismo Contemporâneo: "Experiências bem-sucedidas de Redes de Intercooperação" e de "Experiências bem-sucedidas de Responsabilidade Social". A coordenação dos últimos painéis do evento ficaram a cargo do presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg), Ronaldo Ernesto Scucato, e do presidente da Organização das Cooperativas do Estado do Amapá (OCB-AP), Elizeu Cardoso Viana, respectivamente. Os painelistas de Responsabilidade Social deram uma aula em termos de projetos replicáveis, muitas vezes fornecendo o passo-a-passo dos seus casos.
Projeto Sorriso - O primeiro apresentado foi o "Projeto Sorriso Comunitário", da Cooperativa de Trabalho Odontológico de Belo Horizonte Ltda (Uniodonto/BH). Fundada em 1979, a cooperativa desenvolve o projeto em parceria com a ONG Moradia e Cidadania há menos de um ano, na comunidade de Vila Conceição, que possui cerca de 49 mil moradores. De acordo com a diretora social da cooperativa, Ana Luíza Apgaua Sant'ana, a idéia inicial era oferecer atendimento preventivo, a R$ 5 mensais, abrindo uma frente de mercado para os cooperados e ao mesmo tempo conscientizando-os da importância da responsabilidade social. O projeto se expandiu e hoje oferece também serviços de prótese e ortodontia para 20 mil clientes, a um custo de R$ 8 para cada associado. A tendência é que o Projeto Sorriso Comunitário passe para as mãos da comunidade. "A ONG está preparando gestores dentro da vila para que eles tomem a frente do projeto, passando a administrá-lo. Esse é também o nosso objetivo: passar o controle para a comunidade", concluiu Ana Luíza.
Agroflorestais - Proveniente do município de Barcarena, no Pará, a Cooperativa de Serviços Agroflorestais e Industriais (Coopsai) apresentou o "Programa Nosso Lixo tem Futuro". O projeto começou com a montagem de uma unidade de reciclagem e compostagem de lixo na localidade de Vila dos Cabanos (formada por funcionários da empresa de alumínio Albras, parceira do programa). O presidente da Coopsai, Antônio Carlos B. de S. Leão, explicou que inicialmente foram recrutados 23 catadores do aterro sanitário da região para trabalhar na unidade de reciclagem de lixo. O programa foi expandido para municípios vizinhos, que também acabaram formando cooperativas com a assessoria da Coopsai. E a expansão não parou por aí. Com os produtos retirados do lixo, a Coopsai montou três fábricas - uma de brinquedos pedagógicos, produzidos com madeiras de embalagens (já em funcionamento); outra para produzir vassouras a partir de garrafas pet; e a terceira para fabricar sandálias utilizando borracha de correias (essas duas com funcionamento previsto para o próximo mês). "Esse trabalho trouxe muito orgulho para todos os cooperados da Coopsai", afirmou Leão.
Corgil - Representando o Nordeste no painel de Responsabilidade Social, o presidente da Cooperativa Rural de Gestão Inovadora Ltda. (Corgil), Miguel Alves de Almeida, apresentou o "Projeto Família", desenvolvido há dois anos no município cearense de Senador Pompeu. A iniciativa surgiu de uma necessidade detectada pela cooperativa: os trabalhadores da região precisavam de uma produção alternativa ao algodão, cujo plantio já estava saturado. O resultado é que as seis unidades do projeto congregam famílias que desenvolvem em suas propriedades culturas tão diversificadas quanto a ovinocaprinocultura, a apicultura, a fruticultura e a avicultura. "O investimento feito para cada família é em média de R$ 25 mil. Com juros de 4% ao ano, eles têm um prazo de cinco anos para devolução dos recursos. Esse é o período esperado para que eles já tenham um lucro deste porte", explicou Almeida.
Consul - A maior instituição apresentada no painel foi a Cooperativa de Consumo dos Empregados da Usiminas Ltda. (Consul), que possui 38 mil cooperados, dois supermercados e um hipermercado, constituindo-se na maior cooperativa de consumo de Minas Gerais e uma das maiores do Brasil. Situada na cidade de Ipatinga, no Vale do Aço, ela surgiu em 1963 para suprir a necessidade de produtos dos funcionários da Usiminas. Mas, de acordo com o presidente da Consul, Matusalém Dias Sampaio, ela passou a operar em regime aberto a partir de 1993, para que seus serviços chegassem ao público em geral. Assim, a Consul já oferece em seus estabelecimentos serviços como sapataria, padaria, ótica, drogaria e fábrica de gelo. "Possuímos mais de 20 mil itens em estoque. Também investimos em educação, cultura e esportes. Montamos uma rede de intercooperação com outras três cooperativas. Vocês podem imaginar a contribuição dada à comunidade por um empreendimento desses?", questionou Sampaio.