Produtores apostam na certificação de frutas

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O mercado nacional de frutas está cada vez mais exigente. A garantia de que o produto tenha valor de venda no mercado interno está na certificação. Por isso, produtores paulistas na região de Presidente Prudente (noroeste do Estado) começaram no início de 2004 o Projeto de Desenvolvimento da Fruticultura na Nova Alta Paulista. A parceria entre Sebrae, a Unesp (Universidade Estadual Paulista), o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social e associações de produtores da região envolve cerca de 120 produtores de mangas, uvas, acerolas, abacaxis e maracujás. Até meados deste ano, cerca de 12% já terão o certificado EuropGap em suas mãos.

Normas - Para receber a certificação, é preciso cumprir uma série de normas e procedimentos de "Boas Práticas Agropecuárias", cuja sigla em inglês é GAP, surgindo daí o nome EurepGap. O objetivo é qualificar a propriedade conforme os aspectos de produção, meio ambiente, bem-estar animal, segurança alimentar, análises de riscos, manejo, gestão e responsabilidade social. No Brasil, a certificadora é a OIA (Organización Internacional Agropecuaria).

Transformação - O projeto conseguiu mudanças importantes no manejo e na forma de gerenciar a produção, diz o engenheiro agrônomo da OIA, Edegar de Oliveira Rosa. A principal mudança foi a utilização controlada de defensivos agrícolas. "Alguns produtores utilizavam até quatro vezes mais produtos químicos do que o necessário em suas frutas. Com três meses do projeto e a diminuição dos defensivos, alguns chegaram a economizar R$ 2 mil", diz Rosa. O uso controlado dos herbicidas e pesticidas provocou também uma melhoria na aparência das frutas, que passaram a ter uma textura mais firme e cores mais brilhantes. Os fruticultores estão espalhados por 14 municípios da região e, na maioria, são agricultores familiares, com áreas de até 30 hectares. Nos últimos dez meses, eles foram submetidos a treinamento, que incluiu palestras e atividades práticas sobre o uso seguro de agroquímicos, segurança no trabalho, higiene na colheita e pós-colheita, meio ambiente e qualidade da água.

Mudanças - Outra prática muito usada pelos pequenos agricultores era a reutilização das embalagens de agrotóxicos na colheita dos produtos, diz o agrônomo. A prática é reafirmada pelo presidente da Associação dos Produtores de Juqueirópolis, Oswaldo Dias. "A colheita nas lavouras de acerola era feita com tambores de óleo diesel ou graxa. Não havia a preocupação com a contaminação química". Depois do treinamento para a certificação, os produtores naquela região passaram a comprar tambores de plástico, que são utilizados somente nas colheitas. A Associação possui hoje 74 pequenos produtores. A venda da próxima safra está praticamente toda garantida. Na safra 2003/2004 (setembro a maio), foram produzidas 2.300 toneladas da fruta. Na próxima, a produção deverá aumentar em 20%. "Não temos outra saída a não ser buscar a certificação. O mercado nacional não quer mais produtos sem qualidade e sem certificados. A exigência interna é ainda maior do que a internacional".

Exportação - O processo de certificação também está beneficiando os produtores de uva da região. Alguns empresários fizeram contatos com empresas portuguesas e devem fechar contratos para a próxima safra, diz a gestora do projeto de fruticultura do Sebrae em São Paulo, Mariza Sminka Tarumoto. Por enquanto as negociações ainda estão no início, mas Mariza acredita que a certificação dos produtos é um dos fatores para o interesse dos europeus nas uvas da região. Os fruticultores já adotam o Selo PIF (Produção Integrada de Fruta), do Ministério da Agricultura, que prevê normas também exigidas pelas certificadoras, como cuidado com o solo e controle biológico de pragas e doenças. Na região existem 180 produtores de uva, que produzem anualmente cerca de 6.500 toneladas da fruta. (Portal do Fazendeiro)

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