OPINIÃO: Fertilizantes e o efeito estufa

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Por Heloísa Pinzon (*)

Fertilizantes de eficiência melhorada mostram dados positivos em relação à redução da emissão de óxido nitroso, um dos gases causadores doefeito estufa

Dentre os gases intensificadores do efeito estufa, há três que estão diretamente relacionados à agricultura: o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O). Com relação a este último, embora ele seja emitido em menor quantidade do que os demais gases de efeito estufa - GEE - uma única molécula de N2O apresenta um potencial de aquecimento global quase 300 vezes maior do que uma molécula de dióxido de carbono, resultado de seu tempo de residência maior na terra, estimado em mais de 100 anos.

Segundo dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas - IPCC 2007 -, a atividade agrícola é a principal fonte de N2O à atmosfera.(BAIRD, 2002 apud ZANATTA, 2009) Os dados apontam ainda que em torno de 1% de todo o fertilizante nitrogenado usado nas plantações se transforma em óxido nitroso e posteriormente acaba sendo emitido para a atmosfera nessa forma.

As emissões de N2O dos solos ocorrem, principalmente, como consequência do processo de nitrificação e de desnitrificação sofridos pelo nitrogênio (N). (IPCC apud CASTRO, 2009) No entanto, boas práticas agrícolas e de manejo do solo influem na redução dessas emissões, sendo que umas das alternativas para a redução dos impactos negativos é a utilização dos fertilizantes de eficiência melhorada.

O serviço de pesquisas agrícolas do Departamento de Agricultura dos EUA, USDA - United States Department of Agriculture, atualmente desenvolve um estudo a fim de avaliar a atuação dos fertilizantes de liberação lenta e fertilizantes especiais estabilizados no que diz respeito aos efeitos causados pelas diferentes fontes de N nas emissões de oxido nitroso (N2O).

Em torno de 78% das emissões norte-americanas de N2O provém das atividades agrícolas. No Brasil, segundo o IPCC 2007, a atividade agrícola está definida como a principal fonte de N2O à atmosfera. As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, juntas, correspondem a 72% das emissões, destacando o estado do RS, que sozinho contribui com 55%. (ZANATTA, 2009)

De acordo com o pesquisador da Unidade de Nutrientes de Solo/ Planta do USDA - United States Department of Agriculture, Ardell Halvorson, os esforços de sua equipe "estão direcionados em determinar a influência dos fatores clima, precipitações, tipos de solo e sistemas de cultivo para as emissões de N2O dos fertilizantes de eficiência melhorada". Ainda segundo o pesquisador, com respeito aos resultados iniciais dos trabalhos, tem-se que "o uso das fontes de liberação lenta e de N estabilizado reduziu a emissão de N2O em sistemas de plantio direto em comparação às fontes de uréia e de fertilizantes UAN. Os resultados do trabalho indicam, portanto, que há alternativas de culturas e de manejo dos fertilizantes nitrogenados para reduzir as emissões de N2O provenientes dos sistemas irrigados".

Dentre os produtos escolhidos pela equipe do USDA para os testes de laboratório estão o SuperU e o Agrotain Plus, ambos fabricados e comercializados pela empresa americana Agrotain International LLC. Em sua formulação, os produtos contêm inibidores de urease e de nitrificação, os quais atuam na inibição dos processos de nitrificação e de ação da enzima urease.

Os fertilizantes estabilizados podem atingir uma taxa de redução da emissão de óxido nitroso de até metade das taxas verificadas em fertilizantes convencionais (uréia). (HALVORSON, 2010)

Segundo os resultados iniciais da pesquisa referida, os produtos SuperU e Agrotain Plus atingiram, respectivamente, níveis de redução de emissão de óxido nitroso de 48 e 35%. A uréia convencional obteve as maiores taxas de emissão de N2O, seguidas pelas amostras de UAN - fertilizante líquido a base de uréia. Os tratamentos com os produtos SuperU e Agrotain Plus (adicionado ao UAN), novamente apresentaram as menores taxas: 29% foi a redução ao se comparar a amostra adubada com o SuperU àquela adubada com a fonte de UAN e 35% foi a redução percebida na amostra em que houve o uso do produto Agrotain Plus adicionado à solução de UAN.

Os resultados das análises e as observações que permanecem em andamento em laboratório produzirão dados mais concretos acerca do tema, já que "a liberação do N2O é resultado de um complexo conjunto de condições que variam de uma área a outra, tais como quantidade de água no solo, temperatura e tipo de solo, atividade microbiótica, condições climáticas e freqüência de precipitação." (HALVORSON, 2010)

Referências

CASTRO, F. Os fertilizantes na cana e o oxido nitroso - Gases de Efeito

Estufa. Disponível em: <http://www.ecoa.org.br/canal.php?mat=14662>

Acesso em: 15 janeiro 2009.

ZANATTA, J. Emissão de óxido nitroso afetada por sistemas de manejo do

solo e fontes nitrogenadas. Disponível em:

<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/15754/000690882.pdf?seque

nce=1> Acesso em: 15 janeiro 2009.

HALVORSON, A. Green Markets Dealer Report. Volume 24, number 2.

Disponível em: <www.greenmarkets.com> Acesso em: 13 janeiro 2009.

_____. EMBRAPA. Disponível em: < http://www.embrapa.br/> Acesso em: 15

janeiro 2009.

(*) Profissional da AGROTAIN International - América do Sul

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