MUDANÇAS CLIMÁTICAS: Pobres exigem que ricos mantenham regras de Kyoto

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As diferenças entre países ricos e em desenvolvimento em torno de um novo acordo internacional sobre clima aumentaram esta semana durante uma rodada de negociações em Bancoc, na Tailândia. Primeiro foi a China que acusou os países industrializados de quererem dar um fim no Protocolo de Kyoto em vez de renová-lo e ampliá-lo durante a conferência de Copenhague em dezembro - quando a ONU espera que todos ratifiquem um novo tratado internacional sobre clima. Nesta quarta-feira (07/10), alguns negociadores do G77 (bloco de 130 países em desenvolvimento) relataram que o ambiente piorou por causa da insistência dos EUA e da UE de descartar Kyoto.

Quebra de protocolo - Negociadores contaram que na terça-feira (06/10) à noite, representantes de países em desenvolvimento e pobres quebraram o protocolo e abandonaram uma reunião com delegados de economias avançadas na qual discutiam o formato do futuro acordo. A saída do encontro reforça os temores de que são cada vez menores as possibilidades de assinatura de um novo tratado em Copenhague. O tratado substituiria o Protocolo de Kyoto que expira em 2012. Depois da reunião de Bancoc, que termina sexta-feira, restará apenas mais um encontro em Barcelona, em novembro.

Reação - A decisão dos delegados do G77 de deixarem uma das sessões foi uma reação à intenção dos EUA - e agora também da Europa - de porem um fim no Protocolo de Kyoto e de criar um novo conjunto de regras destinado a reduzir as emissões de gases que provocam o aquecimento global. Muitos países em desenvolvimento rejeitam a ideia. Querem que o novo tratado climático tenha a mesma estrutura de Kyoto, embora com ajustes e emendas. O Protocolo de Kyoto, que passou a vigorar em 2008 e vai até 2012, obriga 37 nações industrializadas a cumprirem metas de emissões nesses quatro anos. Dos industrializados, somente os EUA não assumiram o compromisso. Os países em desenvolvimento - incluindo China, hoje o segundo maior emissor de gases-estufa - foram poupados das metas.

Rejeição - "O G-77 rejeita a ideia e a proposta de destruir do Protocolo de Kyoto ou 'colar e copiar suas partes boas (pergunta-se quais são as partes ruins) em um novo instrumento legal sob a convenção-quadro", disse, por e-mail, o negociador da África do Sul no G-77, Alf Wills. Kyoto está sob a convenção quadro de mudanças climáticas da ONU. Os EUA querem que os países fiquem livres para adotar suas próprias metas de emissões e que não tenham de se submeter a regras internacionais. Ontem, pela primeira vez, a União Europeia disse abertamente que está ao lado dos EUA na tentativa de encontrar uma alternativa ao padrão de Kyoto. (Valor Econômico)

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