Milho: economista alerta para não pressionar vendas

  • Artigos em destaque na home: Nenhum

"Não é racional a atual pressão na venda do milho. O ideal é que as vendas sejam feitas aos poucos, pois as providências que estão sendo tomadas retirarão do mercado mais de 4 milhões de toneladas em pouco tempo", alertou ontem, em Curitiba, o professor e economista Eugênio Stefanelo, assistente da Superintendência da Conab no Paraná. Stefanelo também garantiu que não há falta de armazéns para a safra nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo. "Pode haver cooperativas com a capacidade esgotada, mas temos armazéns com muito espaço", frisou, citando a unidade da Conab de Ponta Grossa, com capacidade total para 400 mil toneladas, que espaço ainda para cerca de 200 mil toneladas.

Pressão vendedora do milho é prejudicial - Stefanelo afirmou que o desespero de alguns produtores para vender o milho só prejudica o mercado, pois deve haver um alívio superior a 4 milhões de toneladas em poucas semanas. Primeiro, porque as cooperativas devem exportar mais de 1,5 milhão de toneladas; segundo, porque outras 1,35 milhão de toneladas dos contratos de opção que estão vencendo em setembro, serão entregues ao governo; por último, o governo está enxugando do mercado, através de contratos de opção, outras 1,5 milhão de toneladas. "Se continuar pressionando as, o produtor corre o risco de receber um valor inferior ao custo de produção", alertou. Também considerou precipitada a decisão de produtores de cancelar os pedidos de semente de milho, em função da situação atual do mercado. O produtor pode, novamente, estar tomando a decisão errada. Primeiro porque abandona a rotação de cultura; segundo, porque a troca do milho pela soja pode ser pior, em função das perspectivas do mercado.

Mercado pessimista na soja - A safra mundial de soja, estimada em 207,5 mil toneladas se o clima for normal, vai provocar a elevação dos estoques mundiais, com depreciação dos preços, alertou o professor. "Significa que no Brasil não vai retornar ao patamar ufanista, de R$ 45,00 a R$ 52,00 por saca de soja. Isso não existe mais, pois com a cotação internacional baixa e a taxa de cambio abaixo de R$ 2,90, contra R$ 3,50 em 2002, significa que o produtor e soja tem que racionalizar os custos. Não pode pode fazer loucura como tem feito nos últimos dois anos, comprando terra pagando a 1.200 a 1.500 sacdas por alqueire, ou comprando máquinas sem necessidade. O produtor tem que se conscientizar que daqui pra frente terá uma rentabilidade menor que nos dois últimos anos", aconselhou.

Último levantamento - A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou ontem, em Curitiba, os resultados finais do 5º levantamento de avaliação da safra 2002/2003, que estima uma produção nacional de grãos de 120,2 milhões de toneladas, em área total de 43,4 milhões de hectares. Em relação à safra anterior houve aumento de 8% - 3,2 milhões de hectares - sobre a área plantada. A produção nacional de milho atingirá a 45,8 milhões de toneladas com destaque para a região sul com 22 milhões/t ou 48% da oferta nacional. A produtividade do Sul atingiu a 4.475 quilos por hectare o que significa um resultado 26,6% acima da média nacional, que foi de 3.534 kg/ha. A resultado permitirá ao Brasil elevar a oferta interna e segundo as previsões dos técnicos da Conab, isso vai exercer pressão sobre os preços pagos atualmente aos produtores.

Conteúdos Relacionados