METEOROLOGIA: Brasil segue quente e seco com influência do La Niña

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meteorologia 02 08 2022As chuvas do último mês de julho ficaram em boa parte do país dentro a levemente abaixo da média esperada. Contudo, é um mês em que os valores esperados para todo o período podem ficar abaixo dos 5 mm, como é o caso das áreas da metade sul do Matopiba, centro-oeste, sul da região norte e na metade oeste da região sudeste. A precipitação ficou acima da média em regiões muito restritas do país, como no extremo norte da Região norte, nordeste do nordeste e no extremo sul da região sul.

Águas mais quentes - Ao longo de julho, a influência das águas mais quentes do Oceano Atlântico na região equatorial (próximo ao litoral norte e nordeste do Brasil) contribuíram com um maior suporte de umidade, o que resultou nessas chuvas acima da média nestes pontos ao norte do país.

Frentes frias - Já no extremo sul do território nacional foram as frentes frias que trouxeram as chuvas mais expressivas. A presença dessas frentes frias foi mais persistente, visto que os sistemas não conseguiram avançar para o centro do país devido à forte atuação da região de alta pressão – bloqueio atmosférico – presente na região.

Climatologia - As chuvas esperadas para o mês de agosto também são escassas, principalmente nas áreas de entre o cerrado e a caatinga. Há locais do leste do Mato Grosso, Tocantins, norte de Minas, oeste da Bahia, sul do Piauí e sul do Maranhão onde a média histórica de chuvas fica abaixo dos 10 mm para o mês. As instabilidades também diminuem sobre o Ceará até o Maranhão.

Sinalização - Porém, na climatologia há uma sinalização do avanço das chuvas sobre o sul do Mato Grosso do Sul e sul de São Paulo. Ainda seguindo um padrão típico de inverno, onde os dias são mais secos e estáveis, com as chuvas sendo provocadas pelo avanço de frentes frias.

Média - Na média chove bem sobre a metade norte do Rio Grande do Sul até o sul do Paraná, bem como no leste do Nordeste entre o litoral de Alagoas e do Rio Grande do Norte, e sobre o extremo norte do Brasil. Com os maiores volumes, na média, sendo esperado para o estado de Roraima.

Condições oceânicas - As condições do oceano pacífico equatorial ainda indicam a presença de La Niña (águas mais frias), e de acordo com a previsão probabilística realizada pelo Instituto Internacional de Pesquisa para o Clima e Sociedade (IRI). A continuação do evento La Niña tem probabilidade moderada (68% de chance) durante agosto-outubro de 2022, continuando na primavera e início do verão com 63-70% de probabilidade, com as condições de neutralidade se tornando retornando possivelmente entre de janeiro a março de 2023 (49% de chance).

Rara - Essa previsão indica um terceiro ano consecutivo sob a influência do fenômeno. Sendo que esta condição é rara. Ocorreu apenas três vezes desde que o índice Índice Niño Oceânico (ONI) começou a ser monitorado em 1950. Os anos com esta condição foram 1956-59, 1975-78 e 2000-03.

Outros fatores - As águas mais quentes no Oceano Atlântico equatorial (próximo à costa da região norte e nordeste) podem influenciar no regime de chuvas sobre o extremo norte do país e também sobre a costa leste do nordeste.

Oscilação - Outro fenômeno que poderá favorecer o avanço das chuvas sobre a parte central do país é a fase da Oscilação Madden-Julian. Entre os dias 5 e 15 de agosto, o posicionamento deste fenômeno poderá contribuir para o avanço de instabilidades sobre a parcela central e norte do país.

Previsão de temperatura - A maioria das projeções indicam temperaturas acima da média para o mês de agosto. Especialmente sobre a parcela central e sul do território nacional. Essas maiores temperaturas podem ocorrer em decorrência da persistência da área de alta pressão que atua na região, mantendo o tempo firme, com forte aquecimento solar.

Abaixo da média - Pontualmente, em decorrência de uma maior incursão de ar frio do oceano, as temperaturas podem ficar abaixo da média sobre o interior e leste do nordeste, bem como no extremo norte do Brasil. Mas as maiores chances são de temperaturas dentro da média do período.

Previsão de chuvas - Na média das projeções há uma forte sinalização de chuvas abaixo da média no cone sul do Brasil, com exceção do extremo sul do Rio Grande do Sul onde pode chover mais, sendo um comportamento muito semelhante ao ocorrido em julho. A tendência é de que as frentes frias fiquem restritas ao sul do país e não conseguem avançar de forma significativa para as áreas mais centrais como no centro-oeste e sudeste.

Projeções - Outro forte sinal nas projeções indica chuvas acima da média na faixa norte da região norte e áreas costeiras do nordeste. Sendo este um reflexo das águas mais quentes sobre o Atlântico Equatorial.

Chuvas - Por outro lado, espera-se chuvas dentro da climatologia para o mês de agosto em toda a parcela central do Brasil. Contudo, nesta região temos um mês de agosto com poucas chuvas (menor que 10 mm na média histórica).

Panorama EUA - Nos EUA as temperaturas seguem acima do normal em praticamente todas as regiões. Apenas nas áreas de divisa entre Arizona, Novo México, Utah e Colorado espera-se que as temperaturas sigam um pouco abaixo do esperado. Justamente nessas áreas também há uma maior chance para chuvas acima do normal. Entre Virgínia e Carolina do Norte, as chuvas podem ficar acima do normal, mas as temperaturas seguem mais quentes também.

Influência - Do último monitoramento realizado pelo USDA na semana passada, este clima mais seco e quente vem influenciando as lavouras ao longo do país. Pelo menos 4% do milho estava em condições péssimas e 10% em condições ruins. Para a soja esses números são 3% e 8% respectivamente. Já o algodão tem um cenário ainda pior, com 15% em estado péssimo e 15% em condições ruins, comprometendo 30% da safra nacional. (Agrolink)

FOTO: Pixabay

 

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