INSUMOS II: Estoques elevados faz importação de glifosato diminuir

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Defensivo de maior consumo no mercado brasileiro, o glifosato registrou queda nas importações em 2010. O volume adquirido pelas empresas instaladas no Brasil no exterior foi 9% inferior ao do ano anterior. Ainda assim, as 66,34 mil toneladas adquiridas ainda representaram a maior parcela dos defensivos importados, com fatia de 28,6% de tudo o que foi comprado fora do país no ano passado.

Pequeno aumento - Dados consolidados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag) mostram que a importação brasileira de defensivos agrícolas foi de 231.967 toneladas em 2010, entre produtos técnicos (matérias-primas para formulação local) e já formulados. O volume representa um modesto aumento de 0,02% em comparação às 231.919 toneladas importadas em 2009.

Estoques - A queda nas aquisições externas é atribuída ao elevado nível dos estoques de glifosato nas empresas no Brasil. Depois da escassez de glifosato no mercado internacional em 2008, que elevou os preços para níveis acima de US$ 13 por litro, houve uma corrida pelo produto no ano seguinte. O "efeito manada" fez com que o volume importado em 2009 desse um salto, elevando, assim, os estoques. Com a queda do ano passado, o mercado volta a se ajustar e a preços bem mais modestos, ao redor de US$ 3,00 por litro, segundo o Sindag.

Demais categorias - "Apesar da queda nas compras de glifosato, todas as demais categorias apresentaram um crescimento nas importações e fizeram com que o volume total se mantivesse estável", afirma Ivan Sampaio, gerente de informações do Sindag. Ele lembra que apesar de as aquisições externas terem parado de crescer de forma expressiva, 80% da matéria-prima utilizada para fabricação dos defensivos vendidos no Brasil ainda tem origem em outros países. Sem precisar a proporção, Sampaio informa que a compra de produtos já formulados tem se destacado nas importações do setor.

Tendência - A queda dos preços do glifosato reflete uma tendência geral entre os defensivos em termos reais. Segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão da Secretaria de Agricultura de São Paulo, o índice médio de preços de uma cesta de 74 defensivos levantados no Estado atingiu em janeiro deste ano o menor patamar desde 2003, quando corrigidos pelo IGP-DI.

Poder de compra - Os preços mais baixos aliados à valorização das commodities no mercado internacional - e também no nacional - estão conferindo ao agricultor um maior poder de compra e negociação junto às empresas. Com base nos dados do IEA, o Sindag elaborou uma análise que indica que em janeiro de 2010 o agricultor conseguiu obter a melhor relação de troca dos últimos dez anos para a aquisição da cesta de defensivos levantada pelo IEA.

Cana - Predominante em terras paulistas, o produtor de cana, por exemplo, precisava no início do ano de 13,92 toneladas de cana para comprar a cesta do IEA. Essa necessidade é 22% inferior à registrada no mesmo período de 2010. Também importante ao agronegócio de São Paulo, o citricultor precisava de 30,21 caixas para comprar seus defensivos, volume 50% menor do que em janeiro do ano passado. "Essa conjuntura favorável está fazendo com que o agricultor não necessite realizar compras com muita antecedência, reduzindo assim o estoque de produto nas propriedades", afirma Sampaio.

Faturamento - Independentemente da queda dos preços e englobando produtos importados e os sintetizados no Brasil, o faturamento do mercado nacional de defensivos agrícolas no ano passado foi de US$ 7,2 bilhões. O desempenho representou um crescimento de 9% em comparação a 2009. Se transformado em real, porém, o resultado encolheu 3% e fechou 2010 com receita de R$ 12,4 bilhões. (Valor Econômico)

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