Governo gaúcho estuda criação de chuvas artificiais

  • Artigos em destaque na home: Nenhum

O governo do Estado pretende investir na criação de chuvas artificiais para minimizar os efeitos da estiagem nas regiões de captação de água da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). A técnica de “semeadura” de nuvens, apresentada ontem na sede da Corsan, em Porto Alegre, pelo próprio criador - o engenheiro Takeshi Imai, do Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA) de São Paulo -, consiste em borrifar água nas nuvens através de um avião adaptado. “É um processo novo, único no mundo, criado em 2001. Depois de quinze minutos semeando gotas coletoras de água em nuvens escolhidas por radar, podemos gerar uma chuva artificial de até três horas”, explicou Imai. Segundo ele, com um litro de água borrifada, é possível gerar até 500 mil litros de chuva, dependendo das condições da nuvem e do clima.

Tecnologia - A técnica apresentada difere do bombadeio de nuvens com cloreto de sódio (sal) e iodeto de prata, testado - sem muito sucesso - até a década de 1980 e bastante criticado por meteorologistas. “É um sistema totalmente natural, sem impacto ao meio ambiente”, garantiu Imai. Imai afirmou que o sucesso da criação de chuvas artificiais foi comprovado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) em 2001, no Sistema Cantareira, em Atibaia, que abastece cerca de nove milhões de pessoas na capital paulista. “Realizamos 250 vôos, gerando 180 chuvas. A Sabesp confirmou que 31% das precipitações ocorridas foram criadas artificialmente”. O presidente da Corsan, Vitor Bertini, disse que ainda não há programação de quando iniciará a “semeadura” nas nuvens. “Estamos agendando uma demonstração. Planejamos investir entre R$ 100 mil e R$ 150 mil”, informou Bertini.

Custo - Cada hora de vôo para borrifar as nuvens custa R$ 2,8 mil e existem apenas dois aviões adaptados. Um deles está na cidade paranaense de Palmas, divisa com Santa Catarina, trabalhando a pedido dos agricultores da região. Imai garantiu que a intenção dele não é ganhar dinheiro gerando chuvas. “No acordo que fizemos com a Sabesp, pedimos apoio para adquirir um avião. A companhia lucrou com isso, pois o custo para gerar cada litro de chuva ficou em R$ 0,38”. O engenheiro pretende debater a técnica criada por ele com a comunidade científica gaúcha antes de iniciar o processo. Na próxima semana, Imai viaja para Cuba, onde apresenta o sistema ao governo cubano. (Jornal do Comércio)

Conteúdos Relacionados