Fórum II: Sanidade é passaporte para o mercado exterior

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Para o médico veterinário e coordenador para assuntos de sanidade do Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura (IICA), Josélio de Moura Andrade e que também foi um dos palestrantes no Fórum de Discussões: “Negociações Agrícolas Internacionais”, realizado nesta quinta-feira (5), em Curitiba, na Ocepar, foi enfático ao afirmar que “a Sanidade é o nosso passaporte para o mercado internacional, sem ela não iremos a lugar algum”, disse. Ele ainda lembrou de que há algum tempo atrás, quando se falava no assunto a imagem que vinha a mente de todos era uma vaca holandesa saudável. “Nos dias de hoje quando falamos em sanidade temos que voltar nossos olhos para o quadro das bolsas de valores, para o mercado, para a saúde da população, para os consumidores. O mundo ficou muito pequeno e a comercialização é instantânea, como as zoonoses também são. Uma doença atravessa continentes em questão de dias, de horas, precisamos estar sempre alertas para o que vem de fora”. Andrade apresentou os prejuízos que alguns países tiveram, não só no setor da pecuária mas também no Turismo. Com o problema da vaca-louca e aftosa, o Reino Unido teve prejuízos na ordem de 120 milhões de libras esterlinas, que totalizaram em perdas que chegaram a US$ 120 milhões e que precisou abater cerca de 80 mil animais, conforme levantamentos realizados até maio de 2003.

Esforço paranaense – Josélio fez questão de ressaltar o importante esforço realizado pelo Paraná no sentido de erradicar a febre aftosa. “Se não fosse o comprometimento e a responsabilidade de todas as entidades que integram o Conselho de Sanidade (Conesa), assumir a questão e, em conjunto com o poder público, enfrentar o problema de frente, motivando e liderando as campanhas de vacinação contra a doença, talvez hoje a situação fosse idêntica a outros países que sofrem com o problema e perdem muito dinheiro com isto”, frisou. Para ele o Brasil precisa assumir o papel de grande supridor mundial de alimentos e aproveitar os novos nichos de mercado. Um exemplo da possibilidade de expansão dos negócios é a entrada da China na Organização Mundial do Comércio. “A partir daí dobrou o número de consumidores no mundo. Para se ter uma idéia, o chinês consumia há pouco mais de dois anos, 1,1 kg de carne bovina. Hoje, em 2003, este consumo passou para 3,8 kg per capita, um crescimento que nós temos que aproveitar se não os outros abocanham”, lembrou.

Contrabando - Interpelado por uma produtora presente no Fórum, Josélio de Moura Andrade ressaltou sobre a importância de que os produtores estejam sempre atentos a tudo aquilo que entra pra dentro de sua porteira. “A aftosa chegou no Japão através de um fardo de feno vindo de Taiwan – salientou e precisamos tomar cuidado com os tais insumos contrabandeados e que podem colocar em risco não somente a propriedade como também toda a segurança nacional. Quem garante que a clandestinidade não possa estar a serviço de interesses alheios para nos prejudicar?”, perguntou.

Solidariedade sanitária – Para o representante do IICA, na questão sanitária, precisamos exercitar cada vez mais a “solidariedade sanitária”. Segundo ele, um bom exemplo neste sentido foi dado pelo ex-ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, que mesmo sob críticas na época, não pensou duas vezes e enviou para o Uruguai uma avião repleto de vacinas contra aftosa, no sentido de ajudar aquele país a “estancar” um surto que estava surgindo próximo a fronteira com o Brasil. Para Josélio, evidentemente que o ministro pensou primeiro na possibilidade da doença atravessar a fronteira, mas também agiu de forma solidária, proteger tanto aquele país como também o nosso. Hoje um país que inspira cuidado, segundo Josélio é a Bolívia. “Lá existe dois tipos de aftosa, a O e A. Geograficamente a Bolívia faz divisa com o Brasil, Peru, Uruguai e Argentina é uma caso que tem que ser analisado sob o aspecto sanitário de toda a América Latina” lembrou.

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