FAPA: Dia de Campo de Inverno analisa trigo, cevada e aveia

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A Cooperativa Agrária realizou, no último dia 31 de outubro, em Pinhão (PR), evento técnico voltado a analisar produtividade e qualidade na lavoura: o Dia de Campo Regionalizado sobre Culturas de Inverno. Os cerca de 45 participantes, entre cooperados, pesquisadores e diretores da Agrária, visitaram parcelas experimentais que a Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (FAPA) instalou na Fazenda Sobrado Velho, do cooperado Gunter Gumpl, para avaliar o desempenho de cultivares de cevada, trigo e aveia (Para os aproximadamente 380 cooperados ativos, os três cereais são considerados fundamentais para ajudar a viabilizar economicamente suas propriedades, ao lado das culturas de verão. Além disso, nos últimos anos, os agricultores associados à Agrária vêm buscando cada vez mais produzir grãos que possuam os padrões de qualidade exigidos pelas indústrias).  No dia de campo, as parcelas de cevada apresentaram as cultivares BRS Borema, BRS 195, MN 716, BRS Greta e BRS Lagoa. Em trigo, foram mostrados materiais como BRS Umbu, BRS Louro, BRS 179, CD 105, CD 115, BRS Louro, BRS Guamirim, BRS 220, Ônix, Safira, Abalone e IPR 111. Nas parcelas de aveia, houve dois materiais: URS Guapa e Fapa-Louise.

Cevada - O pesquisador Noemir Antoniazzi (FAPA), que atua na área de cevada, comentou a necessidade que o setor enfrenta de encontrar um material que possa substituir com bons resultados a BRS 196. Apesar do alto desempenho da cultivar, a pesquisa vem indicando que somente a substituição por novos e melhores materiais poderá assegurar a continuidade da produtividade e qualidade da cevada, já que as cultivares perdem seus potenciais de ano para ano. “Temos variedades filhas de 195 que poderão ser lançadas no ano que vem. Idealizamos essas cultivares de porte baixo há 7 anos e no ano que vem é que vamos chegar ao lançamento”, informou o pesquisador, explicando que o desenvolvimento de novos materiais é um processo técnico demorado. Antoniazzi contou que as principais expectativas recaem sobre três novas variedades, “com tipo agronômico desejado pelo agricultor e um aporte de qualidade significativo sobre a BRS 195”.

Alternativa - De acordo com ele, os novos materiais resultam de cruzamentos com parentais da BRS 195, como um cruzamento entre BRS 195 e Borema. Além de uma melhor qualidade, os materiais desenvolvidos também apresentaram resistência a doenças. “Uma dessas cultivares é resistente ao oídio. Outra, mesmo com certa susceptibilidade ao oídio, é muito tolerante à ferrugem da folha e principalmente à mancha marrom”, antecipou Antoniazzi, acrescentando que a confiança nestas variedades se traduz na sua multiplicação, que já começou no verão, prosseguiu neste inverno e terá continuidade no ano que vem. Segundo observou, a substituição da BRS 195 precisa não somente atender às expectativas do produtor, mas também às das indústrias, tanto as maltarias quanto as cervejarias.

Resistência - Antoniazzi mostrou duas variedades novas: na BRS Lagoa, se destacou a resistência à doenças, embora o material seja convencional e susceptível às intempéries no campo. A BRS Greta, de estatura mais baixa, não apresentou aportes de qualidade e de resistência a doenças na comparação com a BRS 195. “Ela é tão susceptível ao oídio quanto a BRS 195 e mais susceptível à ferrugem”, disse Antoniazzi, ponderando no entanto que a cultivar indica características que ainda precisam ser confirmadas, como um maior tamanho de grão, fator que na BRS 195 pode ser problemático dependendo do clima no ano.

Substituição - Ele ressaltou que uma reunião com os agrônomos da Assistência Técnica considerou como importante a aceleração da multiplicação de novos materiais que tenham condição de substituir a BRS 195. Antoniazzi frisou também que todo o processo da pesquisa está sendo desenvolvido em sintonia com a maltaria da Agrária. “As análises de micromalteação são animadoras, superiores às da BRS 195”, mencionou, prevendo que os próximos materiais deverão ter porte agronômico semelhante ao da BRS 195, porém com mais rendimento e resistência a doenças. Participando do dia de campo, o coordenador do setor de sementes da Cooperativa, Robert Moser, informou que a Agrária trabalha com uma expectativa de que seus associados ainda optem fortemente pela BRS 195 para o inverno de 2007 e que por isso vem multiplicando sementes para um percentual em torno de 95% para aquela cultivar. Para o Fomento, programa da Cooperativa que incentiva a produção de cevada no Oeste e Sudoeste do Paraná, a Agrária está multiplicando Borema.

Aveia - Ao falar sobre as parcelas de aveia branca (grão), o pesquisador Juliano Almeida (FAPA) recomendou, aos produtores interessados naquela cultura, o plantio, primeiro, de Fapa 4 Louise, e depois a URS Guapa. Almeida ressaltou que vários são os agricultores que têm perguntado sobre o surgimento de novos materiais para a próxima safra, mas explicou que novidades só devem surgir em três anos. “Isso também é reflexo da questão de mercado”, comentou.

Trigo - No trigo, o Juliano Almeida explicou aos participantes que as parcelas foram divididas em materiais do tipo brando e pão. Na categoria dos brandos, ele destacou o BRS Umbu, detalhando que se trata de trigo de semeadura antecipada e que há muito tempo vem sendo experimentado em Entre Rios. Almeida recordou que o Umbu é o antigo IPF, que já foi testado com pastoreio na propriedade do cooperado Manfred Majowski, na localidade de Murakami, em Goioxim (PR), rendendo 4.000 quilos por hectare. O pesquisador argumentou, contudo, que não é a linha de trabalho da Cooperativa realizar o pastoreio.

Geada - “Esse é o material que durante o WinterShow nós estávamos preconizando como o trigo que entra por primeiro, a partir de 10 de junho”, acrescentou o pesquisador, que apresentou naquele evento, de 18 a 20 de outubro, em Entre Rios, uma estação sobre escalonamento do plantio de trigo. Almeida explicou que o Umbu tem ótima tolerância à geada na folha, além de ter um ciclo mais longo. “Outra coisa que chama a atenção neste material é a sanidade”, comentou, avaliando o Umbu como mais resistente à giberela do que o Figueira. O potencial produtivo também é outro ponto positivo. “Quando a gente olha, parece que não tem produção, mas é o efeito visual da falta de arista”, apontou, considerando a cultivar como uma ótima opção para iniciar o plantio. Sobre o BRS Louro, o pesquisador informou que a Fapa vem aumentando a área de experimentos com aquele material. Almeida observou que o BRS Louro pode substituir o CD 105, indicando vantagens: sanidade de espiga e potencial produtivo.

Ferrugem - O BRS 179, de acordo com ele, é susceptível a uma nova raça de ferrugem da folha. No caso do CD 105, Juliano Almeida afirmou que o material tem apresentado doenças de espiga, mas lembrou que o desempenho pode ser melhor em locais com maiores temperaturas. “Em regiões mais quentes ou em anos mais secos, ele mostra aí todo o seu potencial”, disse, considerando que em áreas como Entre Rios, onde ocorre maior precipitação pluviométrica, surgem as doenças. Uma novidade nas parcelas foi o CD 115 (brando típico). Com ciclo até 10 dias mais tardio do que o do CD 105, apresentou bom resultado nos ensaios, o que levou a FAPA a colocá-lo nas faixas deste ano. A resistência a doenças de folha e espiga se mostrou melhor do que a do CD 105.

Plantio - O BRS Guamirim tem ciclo mais precoce (125 a 130 dias) – deve ser semeado por último na época de plantio. “Em todos os locais que visitamos, foi o trigo que mais sofreu com geada”, alertou Almeida, acrescentando também que o material apresenta instabilidade. Outra característica é uma alta capacidade de perfilhamento, normalmente pouco comum nos materiais precoces. A resistência a manchas foliares é considerada excelente, mas é susceptível ao oídio devido à baixa estatura. Como as sementes são maiores e mais pesadas, é de se esperar um custo um pouco maior. Isso exige também uma regulagem rigorosa da semeadora. Com maior área cultivada hoje dentro da Cooperativa, o Safira também compôs as parcelas do Dia de Campo sobre Culturas de Inverno. Almeida chamou a atenção, entretanto, para o risco de acamamento do material e presença de doença.

Ferrugem - Conforme relatou, desde o início dos experimentos, a FAPA monitorou a ocorrência de ferrugem coletando folhas de todos os materiais, em especial do Safira e do Ônix, e encaminhando para análise. A constatação foi o ataque de uma nova raça de ferrugem, o vírus B 55 – um tipo com evolução rápida, o que exige do agricultor exatidão no momento de aplicar agroquímicos para o combate à infestação: se passar o ponto de aplicação, os triazóis não terão eficiência. Para o pesquisador Heraldo Feksa, que também participou do dia de campo, o melhor é realizar a aplicação preventiva com base na assistência técnica de um agrônomo. Ao final do evento, o coordenador do Moinho de Trigo Agrária, Rudolf Gerber, sublinhou a necessidade do produtor rural cultivar o trigo já levando em conta o tipo de farinha a ser produzido e os produtos que a indústria vai elaborar com a farinha obtida. Gerber também apresentou como funcionará a sistemática de preços definida pela Agrária para cada tipo de trigo. O coordenador aproveitou a oportunidade para elogiar os cooperados da Agrária pela participação na iniciativa de segregação do trigo no moinho, lançada pela Cooperativa e adotada por seus associados. Também estiveram no dia de campo o diretor presidente da Agrária, Jorge Karl, o diretor secretário, Norbert Geier, o gerente de Cooperados, Roberto Sattler, o coordenador da Assistência Técnica, Celso Wobeto, e agrônomos. (Imprensa Agrária)

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