FAO I: Organismo não vê ameaça à segurança alimentar

  • Artigos em destaque na home: Nenhum

Mesmo diante das recentes alta nos preços internacionais das commodities agrícolas, o novo representante da FAO no Brasil, Hélder Muteia, ainda não enxerga nas disparadas motivos para maiores preocupações. Apesar dos problemas de seca na Rússia, que atingiram a safra de trigo e influenciaram nos valores de outros cereais, e das chuvas que afetaram as lavouras do Paquistão, o movimento recente ainda não provocou no braço da ONU para agricultura e alimentação temores sobre uma eventual escassez de alimentos ou mesmo piora nas condições da fome mundial.

Preços - Nos últimos 12 meses até setembro, os preços do suco de laranja acumulam uma valorização de 56,2% no mercado internacional. No mesmo período, as cotações do trigo já subiram mais de 55%, o algodão registrou alta de 54,6% e o milho tem ganhos acumulados de 49,3%. Também com ganho valorização nos últimos 12 meses, os preços do café já subiram 44,2%, enquanto a soja teve uma alta mais modesta, de 14,7%. O cacau e o açúcar são as duas únicas commodities que acumularam perdas, de 9,7% e 2,3%, respectivamente.

Mercado - "Já existe um certo nervosismo no mercado, mas, por enquanto, estamos observando esse movimento recente de alta nos preços dos cereais. A economia dos alimentos é complexa e ainda estamos recolhendo dados para fazer qualquer tipo de recomendação", afirma Hélder Muteia, representante da FAO no Brasil, que está no país há apenas dois meses.

Limites históricos - Apesar da alta expressiva dos preços dos cereais no mercado internacional, Muteia lembra que os preços ainda não chegaram aos patamares de 2008, quando limites históricos de preços foram superados. Naquele período, uma combinação de fatores impulsionou os valores dos alimentos como a valorização das cotações do petróleo, a concorrência com os biocombustíveis, além do aumento da demanda por cereais para fabricação de ração utilizada na alimentação animal.

Melhora - No último relatório da FAO sobre o número de pessoas subnutridas no mundo, a entidade aponta para uma melhora na situação global. O último dado indica que existem no mundo 925 milhões de pessoas se alimentando em condições inferiores aos limites mínimos. Apesar do número ainda expressivo, o dado é inferior aos 1,02 bilhão de pessoas que estavam nessas condições pelo levantamento anterior. "Acreditamos que o número anual se manterá nesses patamares até o ano que vem. De qualquer forma, é preciso produzir mais e introduzir mecanismos que permitam a distribuição dessa produção entre as pessoas mais necessitadas", afirma Muteia. (Valor Econômico)

Conteúdos Relacionados