EXPORTAÇÕES: Paraná terá de esperar para voltar à Europa

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O Paraná, que ficou de fora da lista inicial de exportação de carne bovina para a União Européia devido à febre aftosa de 2005, corre o risco de voltar a vender ao bloco apenas em 2009. A previsão é do ministro da agricultura, Reinhold Stephanes, que esteve ontem (03/03) em Curitiba e participou de reunião da Câmara Setorial de Orgânicos. Até agora o Estado não foi considerado livre de aftosa pela Organização Internacional da Saúde Animal (OIE), mas o ministro disse que os procedimentos científicos sobre o caso estão na França e serão discutidos entre março e setembro. "O Paraná não teve aftosa, não tem aftosa, mas foi prejudicado por causa da aftosa do Mato Grosso do Sul, assim como São Paulo e parte de Minas". Ainda que admita que a volta do Paraná à UE poderá acontecer só em 2009, o ministro espera poder antecipar a boa notícia para este ano.

Acordo - Sobre as recentes negociações com os europeus, Stephanes voltou a afirmar que o Brasil não cedeu, mas teve de seguir acordo feito há oito anos com a UE, de fornecer produto rastreado. "Houve exagero na exigência, só que o Brasil aceitou e depois não cumpriu as normas". Agora, o ministro disse que o primeiro passo foi manter o processo de negociação e o mercado aberto "por menor que seja" para evitar que outros países que usam a UE como referência deixassem de comprar carne brasileira. "Vamos agregar novas propriedades dentro das normas atuais. Devemos chegar a duas ou três mil propriedades, para dar densidade à exportação". Depois, ele planeja simplificar as normas em vigor, e essa negociação deverá ser iniciada ainda em 2008.

Liberação - A intenção, segundo Stephanes, é desburocratizar e analisar o que é essencial ao processo de rastreabilidade. A forma, se com brinco ou chip, na orelha ou no umbigo do animal, também será discutida. O ministro disse que não está sob pressão e que "nenhuma autoridade que conheça o problema está contra a forma" que ele está agindo. O presidente do Sindicarne PR, Péricles Salazar, reclamou da demora na liberação do Paraná como livre de aftosa. O Estado teve de esperar os procedimentos do Mato Grosso do Sul para entrar com pedido de análise. Para ele, a liberação pode acontecer ainda no primeiro semestre. No entanto, lembrou, muitos produtores do Estado estão desestimulados, por isso não dá para prever quanto tempo precisarão para se adaptar às normas da UE. "Apoiamos o ministro, mas defendemos uma reformulação do Sisbov", afirmou o dirigente.

Sisbov - Em uma espécie de desabafo, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, voltou a dizer que as restrições da União Européia (UE) à carne bovina brasileira devem-se ao desrespeito dos criadores às regras do programa nacional de rastreabilidade bovina, o Sisbov. Ele afirmou que o setor vem descumprindo prazos há oito anos e adiantou que haverá novos ajustes no sistema. Stephanes vem sendo alvo de uma série de críticas por parte dos exportadores de carne bovina.  "Houve um exagero de exigências (por parte da Europa), mas acontece que o Brasil aceitou isso, baixou as normas e simplesmente não as cumpriu", declarou Stephanes, em Curitiba. As normas foram aceitas "voluntariamente" pela pecuária, considerou. De 2,6 mil estabelecimentos, restaram 106, que estão sendo vistoriados por representantes da UE. "Quando eu assumi (março de 2007), recebi uma carta dizendo que o prazo final para que as exigências da UE fossem cumpridas terminaria em outubro. Mas esse prazo já vinha sendo prorrogado há oito anos", justificou Stephanes.

Agricultura orgânica ou urbana? - Ao abrir a reunião da Câmara Setorial de Agricultura Orgânica, que veio a Curitiba discutir a regulamentação da produção, o ministro da Agricultura, surpreendeu as cerca de 40 pessoas presentes com um "puxão de orelha" nos funcionários públicos que comandavam o evento. "Quantos de vocês são produtores?", indagou. Apenas quatro pessoas levantaram a mão. Stephanes disse temer que as regras acabem criando muitas limitações à produção e pediu que as bases sejam mais ouvidas. (Jornal Valor e Gazeta do Povo)

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