EXPEDIÇÃO SAFRA IV: Milho tira a rentabilidade da safra com quebra e preço baixo

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Com queda de 29,5% em relação ao estimado e 30% ante o verão passado, as lavouras de milho estão puxando para baixo a produção da safra 2008/09. São 2,7 milhões de toneladas a menos que o previsto em setembro e outubro, época do plantio paranaense. Esse volume equivale a 25% do total exportado no ano passado pelo país. O clima - com até 50 dias sem chuva entre novembro e dezembro - foi o principal problema. A área caiu apenas 2,2%, enquanto a produtividade despencou 29%, de 6,69 para 4,9 mil quilos por hectares, apurou a Expedição Safra RPC.

Queixa principal - Esses números refletem o principal foco de reclamação dos produtores nesta safra. Eles plantaram o cereal a custo um terço maior que o do ciclo anterior, estão colhendo pouco e, para agravar a situação, os preços mal cobrem o custo, que atualmente é de R$ 18 por saca, de acordo com avaliação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Regiões mais afetadas - A seca atingiu principalmente os milharais das regiões de Cascavel, Palotina e Toledo (Oeste), Campo Mourão e Umuarama (Centro-Oeste a Noroeste), Cornélio Procópio e Jacarezinho (Norte Pioneiro), além de Francisco Beltrão (Sudoeste). As perdas nessas microrregiões ficaram entre 35% e 50%, e rebaixaram a produção próxima do normal obtida em municípios do Norte, na região Centro e nos Campos Gerais. A Expedição encontrou áreas com plantas que renderam só sabugo, como as do produtor Vicente Paulino Júnior, que colheu 50% menos, um prejuízo de 180 sacas por hectare. "O que mata a gente nesta safra é o milho. Com 200 sacas por hectare vou cobrir só metade do que gastei", disse.

Desânimo - Mesmo em regiões que tiveram perdas próximas da média, a colheita trouxe desânimo. Alaor José Muller, pequeno produtor da Lapa (Sul), relatou que não está perdendo só na frustração da colheita. Ele plantou 58 hectares de grãos - dois terços arrendados. Por causa do cereal, ficou endividado com os proprietários das terras alugadas e não conseguirá cobrir dívidas imobiliárias. Sua família tentou ampliar a área própria negociando 30 hectares.

Preços - Com preços na casa de R$ 17 a saca (média de janeiro a março) em praticamente todo o estado, o cereal está levando embora parte da renda obtida em culturas como a soja. E as perspectivas de aumento na cotação do cereal são abatidas pelos estoques altos. No início do ano passado, o estoque brasileiro era de 3,3 milhões de toneladas. Neste ano, saltou para 11,9 milhões de toneladas. Mesmo com a quebra na produção, que foi mais forte no Paraná e no Rio Grande do Sul, devem sobrar 7,8 milhões de toneladas no final de 2009, calcula a Conab.

Restrição - Além disso, a redução do consumo internacional de carne tende a limitar a demanda por matéria-prima de ração animal. Contrariando as previsões, os primeiros dados oficiais deste ano disponíveis mostram a exportação de milho em alta. Nos dois primeiros meses de 2009, foram embarcados 2,1 milhões de toneladas, ante 712 mil toneladas no mesmo período de 2008, informa o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). (Caminhos do Campo/Gazeta do Povo)

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