EXPEDIÇÃO SAFRA I: Soja na vitrine

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Na safra 2010/11, o Brasil tem potencial para superar 69 milhões de toneladas de soja. Mas o Indicador de Safra Gazeta do Povo, divulgado nesta terça-feira (07/12), após sondagem da Expedição Safra nas principais regiões produtoras do país, chega com um número mais conservador, de 68,70 milhões de toneladas. A diferença entre o potencial máximo e a estimativa deve-se às incertezas climáticas trazidas pelo fenômeno La Niña. Para o milho de verão, a equipe técnica projeta produção de 31,21 milhões de toneladas, 2 milhões de toneladas a menos do que no ano anterior.

Projeção - A projeção para a soja considera aumento de área e leve recuo na produtividade média, pelo impacto de um clima não tão favorável como o registrado no ciclo anterior. Ainda assim, a produção estimada é 2% superior à do ciclo 2009/10. O milho, apesar das cotações em alta, perde área, produção e produtividade, resultado do desestímulo do produtor frente aos preços do último ano.

Chuvas irregulares - Num roteiro de quase dois meses pelas principais regiões produtoras do país, os técnicos e jornalistas constataram a irregularidade das chuvas, que chegaram mais tarde e atrasaram o plantio. "Foi o La Niña, que mostrou a cara mas não se caracterizou em sua plenitude e garantiu, entre uma chuva e outra, o plantio da safra de verão", avalia Robson Mafioletti, da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), um dos técnicos e analistas da equipe de apoio da Expedição Safra. O clima, segundo Mafioletti, ainda é um ponto de interrogação e será motivo de preocupação durante toda a safra. A previsão de chuva no Centro-Oeste e veranico no Sul, na pré-colheita, podem alterar as previsões.

Soja - A rentabilidade do milho apertada fez com que, pela primeira vez em 35 anos, o produtor Carlos Zuquetto deixasse de lado o sistema de rotação de cultura. Com 500 hectares de lavoura em Catanduvas, no Oeste do Paraná, dedicou quase toda a área para a soja. Plantou apenas milho para silagem. "Já tenho meu planejamento para os próximos 15 anos. Se quisesse, poderia comprar insumos agora para plantar em 2025. Mas neste ano resolvi fugir do cronograma. A soja tem uma taxa de retorno de 45% e o milho apenas de 25%."

Comparação - Essa comparação foi feita do Sul ao Nordeste do país. Egon Milla, de Bom Jesus (PI), ampliou a área de soja de 5,2 mil para 6,4 mil hectares. Manteve o milho em 1,6 mil hectares, apesar de estar alcançando produtividade de 9 mil quilos por hectare, três vezes acima da média regional. Vitório Ângelo Cella, que cultiva 2,74 mil hectares em Sorriso (MT), capital nacional da soja, avalia que a oleaginosa pode expressar todo seu potencial produtivo se o clima não atrapalhar. Ele considera que o plantio, apesar do início conturbado, foi concluído dentro do prazo agroclimático. "Ano passado é que as chuvas chegaram mais cedo", afirma.

Histórico - A queda na produção de milho neste verão é histórica. No Paraná e no Brasil, não há registro de área tão pequena como a deste ano nas estatísticas oficiais acumuladas desde 1976/77. O quadro faz com que aumente a pressão por aumento da produção na segunda safra, a partir de janeiro, com tendência de ampliação de área. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)

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