ENERGIA: Bahia investe na pesquisa de pinhão-manso para biodiesel

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Mais uma alternativa para a fabricação de biodiesel está em fase de estudos avançados na Bahia. A Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) deu início à segunda etapa do Projeto de Desenvolvimento de Sistema de Produção para a Cultura do Pinhão-Manso, na qual estão sendo avaliados espaçamento, densidade, consórcio com culturas de ciclo curto, métodos e épocas de poda e adubação química e orgânica. A terceira e última fase de experiências deve ser realizada ainda este ano e a expectativa é de que o pinhão-manso comece a ser produzido em escala comercial no estado a partir de 2008. A Bahia e Minas Gerais são os dois estados mais avançados em pesquisas com a cultura no Brasil. Os ensaios da segunda etapa do projeto foram instalados no recôncavo baiano, nas estações experimentais da EBDA nos municípios de Conceição do Almeida, Amélia Rodrigues e Alagoinhas, e nas dependências da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), em Cruz das Almas. A primeira etapa, iniciada no ano passado, constou de 14 Unidades de Observação (UO), cada uma variando de 1/4 de hectare a 1 hectare, implantadas para avaliar o comportamento da cultura em diferentes condições agroecológicas e socioeconômicas da Bahia, com objetivo de selecionar plantas matrizes para produção de sementes visando atender aos produtores baianos.

Vantagens - Encontrado em quase todo o território baiano, o pinhão-manso tem na faixa costeira, a partir do litoral até uma distância de cem quilômetros, sua maior predominância, mas também é encontrado em diversos municípios do semi-árido. A planta tem como vantagens sua grande produtividade - que pode chegar a 8.000kg de sementes por hectare; a produção de óleo por semente - uma amêndoa produz até 40% de óleo; a adaptação a diversos tipos de solo, clima e altitude; sua colheita - realizada na estação seca; e ainda a propagação - que é tanto via sementes como por estaquia. Como se trata de uma espécie que produz bem em altitudes de até mil metros, e com índices pluviométricos de 300 a mil, em faixas de temperaturas médias de 20 a 28 graus, os pesquisadores da EBDA vêem amplas possibilidades de cultivo em todo o estado da Bahia.

Colheita manual - Outro diferencial da planta, apontada por Benedito Carvalho, é com relação ao plantio e colheita, realizados manualmente, o que absorve um grande contingente de mão-de-obra. "É um fato considerado de grande relevância, do ponto de vista de inclusão social, para a agricultura familiar, reforçado pelo baixo custo, fácil manejo e pela sua perenidade, visto que a planta vive de 30 a 50 anos", ressalta o pesquisador. Carvalho salienta que "o pinhão-manso não veio para competir com a mamona, como vem sendo propalado". Segundo ele, essa cultura pode ser plantada em áreas de baixa altitude, onde não é recomendável o plantio da mamoneira, sendo mais uma alternativa para o sistema produtivo do agricultor. "Além disso, o óleo do pinhão-manso serve exclusivamente para a produção de combustível, enquanto o óleo da mamona é, preferencialmente, indicado para o uso industrial na ricinoquímica", observa o coordenador, frisando que o óleo de pinhão-manso, quando queimado, não produz fumaça nem deixa resíduos no ambiente. O pinhão-manso já é cultivado em diversas partes do mundo, sendo a Índia e a Tailândia seus maiores produtores. Nesses países, o óleo produzido é utilizado para fins medicinais e na produção de sabão. (Correio da Bahia)

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