ENCONTRO ESTADUAL I: Hora de definir a estratégia para 2011

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A apresentação dos resultados de 2010 e os projetos para o próximo ano trouxeram ontem mais de 6 mil produtores rurais, técnicos e lideranças do agronegócio paranaense a Curitiba. O encerramento do Programa Empre­endedor Rural da Federação da Agricultura do Paraná (Faep) reuniu no Expotrade Convention Center 4,5 mil pessoas. Outras 1,6 mil participaram do Encontro Estadual de Cooperativistas do Paraná, no Teatro Positivo. Nos dois eventos, a conclusão foi unânime. O setor avalia que, após um início de ano difícil, a reação dos preços das commodities agrícolas no segundo semestre no mercado internacional alavancaram resultados positivos para o setor em 2010.

Estratégia - O desafio agora é definir a melhor estratégia para consolidar o crescimento. A profissionalização e modernização do setor são o caminho, defendeu o presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski. Durante o discurso de abertura do encontro cooperativista, ele destacou os números positivos do sistema em 2010 e a evolução ocorrida nos últimos dez anos. Segundo o dirigente, a movimentação econômica das cooperativas do Paraná saltou de R$ 6,49 bilhões em 2000 para R$ 28 bilhões neste ano.

Ações efetivas - "Nós obtivemos esse resultado numa clara demonstração de que o nosso crescimento está sustentado em ações efetivas, voltadas a ampliar os nossos produtos e serviços. Nos últimos dez anos, aplicamos mais de R$ 8 bilhões em infraestrutura e agroindustrialização. Mas temos de continuar investindo para manter o crescimento", frisou.

Apoio - Koslovski ressaltou que, para que os setor continue avançando, precisará contar com o apoio dos novos governos federal e estadual. "Pelo que representam as nossas cooperativas, pela distribuição de renda que promovem e pelo caráter social que trazem no seu funcionamento, gostaríamos de contar com o apoio das autoridades para, juntos, buscarmos as soluções necessárias para as questões que cerceiam o crescimento do cooperativismo", pediu o dirigente.

Agricultura - Quando o cooperativismo cresce, todo o Brasil avança com ele, defendeu o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, que participou do evento no Teatro Positivo. "A agricultura é a base de qualquer processo econômico e as cooperativas são o braço econômico da organização social. Por isso, devem tomar a frente. É isso o que espero dos cooperativistas. Acredito que podemos liderar um movimento nacional para implantação de uma estratégia agrícola, possibilitando que o Brasil transfira ao mundo seu conhecimento, e possa assumir um papel de liderança na produção de alimentos sustentáveis e energia limpa", disse Rodrigues. No Paraná, o sistema é responsável por cerca de 60% da produção de grãos, conforme dados da Ocepar.

Demanda - O ex-ministro citou dados da Organização para a Cooperação para o Desenvolvimento Econômico (OCDE) que mostram que em dez anos será preciso aumentar em 20% a produção agropecuária mundial para atender a demanda explosiva por alimentos. "E a OCDE estabelece metas: a União Europeia terá de ampliar em 4% a produção interna; a Austrália, em 7%; EUA e Canadá, em 15%; e o Brasil, em 40%. Ou seja, para que o mundo possa aumentar 20% a produção de alimentos, o Brasil, sozinho, precisa ampliar 40% a produção agropecuária atual. Vejam o desafio que o mundo coloca no nosso colo. E não é um desafio trivial, mas algo que temos condições de resolver. O Brasil pode ser a grande locomotiva de uma mudança global, liderando e ditando as regras do processo de produção lastreado na chamada economia verde", afirmou.

Lição de casa - Na avaliação de Rodrigues, contudo, para assumir essa função de liderança mundial, o Brasil precisa fazer a lição de casa. "Não temos uma estratégia interna. A OCDE e o mundo estão mostrando o caminho, mas não podemos avançar porque não temos estratégia. O problema não é política agrícola. O problema é que os instrumentos necessários para implementar a política agrícola estão dispersos em dezenas de órgãos, ministérios, bancos, emperrando todo o processo. E não há estratégia e união para mudar isso", frisou. (Gazeta do Povo)

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