Cultivo de soja transgênica aumenta 66%

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No segundo ano em que o governo autorizou o cultivo de soja transgênica no país, a área plantada com sementes geneticamente modificadas cresceu 66% e chegou a 5 milhões de hectares, segundo relatório do ISAAA (sigla em inglês para Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia). A área equivale a 22,4% da terra usada para a produção de soja no Brasil.

O ISAAA, uma ONG criada para difundir o uso de biotecnologia, estima que, no ano passado, o mundo plantou 81 milhões de hectares de produtos geneticamente modificados, 20% a mais que em 2003 ou 13,3 milhões de hectares a mais. Até 2010, a organização estima que haverá 150 milhões de hectares de transgênicos. Apesar do crescimento do cultivo de transgênicos, o número de países que usam a tecnologia diminuiu de 18 para 17 entre 2003 e 2004, segundo a organização.

A Bulgária e a Indonésia abandonaram o uso de transgênicos e o Paraguai passou a cultivá-los. Essas mudanças, no entanto, são irrelevantes para os números globais. Os cinco países nos quais a cultura é mais disseminada responderam, em 2004, por 96% dos 81 milhões de hectares semeados com organismos geneticamente modificados. O Brasil aparece em quarto lugar no ranking mundial, com 6% da área total. Na dianteira, estão os Estados Unidos, com 59%, seguidos pela Argentina (20%) e pelo Canadá (6%). No quinto lugar fica a China, com 5% dos 81 milhões de hectares.

O Brasil apareceu pela primeira vez no relatório do ISAAA no ano passado. Apesar de o cultivo de soja transgênica ter começado, ilegalmente, em 1997, a ONG, que tem sede nos Estados Unidos, só incluiu o país depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter editado, em 2003, a medida provisória que autorizou o seu plantio.

Segundo o presidente da organização, Clive James, as estimativas para o Brasil levam em conta apenas o cultivo de soja. "Não temos informações sobre outros cultivos". O Ministério da Agricultura, no entanto, já reconheceu que existe plantações ilegais de algodão transgênico no país e apreendeu carregamentos do produto. No final do ano passado, numa decisão polêmica, a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) aprovou o plantio de lotes de sementes de algodão contaminadas com até 1% de grãos transgênicos.

Entre 2003 e 2004, o crescimento do uso de plantas transgênicas foi maior entre os países em desenvolvimento do que nos industrializados. De acordo com o relatório da ISAAA, a área cultivada com sementes geneticamente modificadas cresceu 7,2 milhões de hectares (35%) nos países em desenvolvimento e 6,1% milhões de hectares (13%) nos países desenvolvidos. "Pela primeira vez, os países em desenvolvimento responderão por mais de 1/3 da produção mundial", diz James.

Apesar de ter uma produção total menor, 90% dos 8,25 milhões de agricultores que plantaram transgênicos em 2004 são de países em desenvolvimento, estima a ISAAA. Segundo James, a maioria são agricultores familiares. Ele diz que a tecnologia trará mais vantagens para os países pobres do que para os ricos, pois a transgenia possibilitará plantar em regiões com escassez de água e solos inadequados para plantas convencionais e reduzirá a necessidade de investimentos em agrotóxicos. (Fonte: Folha Online)

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