CRISE NO CAMPO IV: Produtores descendentes de japoneses estão indo embora

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Pressionados pelas dificuldades e sem esperança de encontrar uma solução a curto prazo, produtores rurais de origem japonesa, na região de Maringá, estão preferindo deixar suas terras e ir tentar a vida trabalhando em empresas no Japão. Nos últimos anos, o fim da renda na agricultura, a frustração das safras com as constantes intempéries e o endividamento, levaram muitos deles para o outro lado do mundo. Lá, pelo menos, eles podem contar com um salário garantido e perspectivas de continuar tocando a vida. Nos últimos dias foi a vez de um tradicional produtor de Floresta. Desde 1974 trabalhando na produção de grãos, Maurício Tanamati, 58 anos, se viu obrigado a seguir para o Japão, país onde já está quase toda a sua família.

Safras perdidas - Segundo ele, foram dois anos de safras prejudicadas pelo clima que inviabilizaram sua atividade. Juntamente com o irmão Luiz ele cuidava de dez alqueires próprios e outros 24 arrendados, onde produzia soja e outros grãos. Com a quebra da produção, os Tanamati não tiveram como pagar o arrendamento, o que resultou em uma dívida correspondente a 30% do montante que estava previsto de colheita. “Estou indo embora para juntar dinheiro e conseguir pagar essa dívida”, conta o produtor, que vai trabalhar em uma indústria de panificação. Maurício pensa em ficar por lá durante alguns anos e retornar estruturado para voltar a trabalhar na terra. No tempo em que estiver fora, o irmão Luiz tentará continuar tocando a propriedade. Ao despedir-se de alguns amigos, o produtor lembra ter ouvido de um deles: “Você pelo menos tem para onde ir. E nós que não temos nada?”.
 

A maioria é jovem - A maior parte dos descendentes de japoneses, filhos de agricultores, que emigram para o Japão, têm pouca idade. É o caso de Edson Guiiti Kato, 25 anos, de Terra Rica. Nos últimos dias, ele e vários outros parentes e amigos embarcaram para aquele país. Segundo Kato, em sua região, as propriedades mantidas por pessoas de origem japonesa estão ficando vazias. “Todo mundo está indo embora, não dá para continuar no Brasil”. Kato, que já esteve no Japão uma vez, disse que a remuneração é vantajosa, mas a colônia de trabalhadores que chega do Brasil sofre muitas discriminações por parte dos japoneses. “Além disso, a gente sente muita saudade”.(Flamma Comunicação).  

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