CRISE DE ALIMENTOS: Subsídios desestimulam agricultura de países pobres, diz Lula

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O presidente Luís Inácio Lula da Silva criticou os subsídios dados a agricultores de países desenvolvidos ao comentar a alta nos preços dos alimentos durante seu programa de rádio, Café com o Presidente, nesta segunda-feira (02/06). Lula disse que para se combater a forme no mundo, uma das atitudes a ser adotada seria a de concluir o acordo da Organização Mundial do Comércio (OMC), na Rodada de Doha, e fazer com que os países ricos abram mão dos subsídios dados aos agricultores. "Aí sim os países pobres vão se sentir motivados a produzir". Falando de Roma, onde participará da reunião da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o presidente adiantou que, durante seu discurso no evento, falará de programas sociais de seu governo, como o Fome Zero e o Bolsa Família, e procurará lembrar aos demais líderes mundiais que tem batido na tecla do combate à fome desde 2003, quando assumiu o governo.

Incentivo para produzir - Lula disse ainda que a crise de alimentos é mundial, que passa pela China, Brasil, Chile, Estados Unidos e Europa. Durante a FAO, o presidente afirmará que é preciso fazer algo urgente. "Discutir, por exemplo, porque o preço do petróleo pode implicar no aumento do custo do produto a partir do custo do transporte e a partir do custo da matéria-prima que faz o fertilizante", disse. "Nós temos terra no mundo, nós temos água, nós temos sol em vários países. É importante, então, que a gente comece a estabelecer uma estratégia de melhorar e aumentar a produção de alimentos e, sobretudo, tirar os subsídios na agricultura dos países mais ricos que tornam praticamente impossível do mundo pobre vender comida à Europa. Ou seja, porque não tem incentivo para produzir". E complementou: "Se nós conseguirmos fazer isso, eu penso que nós estaremos criando as condições para que o alimento volte a se tornar acessível, sobretudo à parte mais pobre da população. Eu acho que nós queremos abrir um debate [no encontro da FAO] para discutir a questão do alimento, a questão da inflação e também discutir como fazer para que as pessoas não joguem a culpa do preço dos alimentos em cima dos países pobres mais uma vez".

US$ 300 bilhões de subsídios ao ano - Segundo dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) os subsídios agrícolas estão próximos a US$ 300 bilhões ao ano. A edição de abril da revista Paraná Cooperativo, em sua reportagem de capa, tratou da questão dos subsídios e os desequilíbrios que gerou na agricultura mundial. "Os subsídios dos países ricos mantiveram os preços baixos durante 50 anos. O mais grave é que, ao colocar no mercado excedentes da produção subsidiada, eles (países ricos) prejudicaram a competitividade de países como o Brasil e simplesmente destruíram a agricultura de países pobres da África", disse à reportagem o professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Eugenio Stefanelo.

União Européia - De acordo com a OCDE, a União Européia responde por 50% dos subsídios, seguida por Ásia (24%) e Estados Unidos (16%). "Ao jogar a culpa da alta dos alimentos sobre os biocombustíveis, os países ricos tentam mascarar a realidade. A agricultura na África pode ser incentivada com a abertura de mercados, gerando renda e emprego. Mas o mundo desenvolvido prefere manter o protecionismo e seguir fazendo filantropia, pedindo dinheiro para doar alimentos, quando poderia impulsionar soluções mais concretas", contestou Stefanelo. (Com informações O Estado de São Paulo)

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