Cooperativas contra o desemprego

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Editorial Gazeta Mercantil de 11/09/02(*)

Elas têm aproximadamente 6 milhões de associados e movimentam 5% do PIB. O desemprego é um problema que vem crescendo em escala mundial. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) contabiliza 2 bilhões de desempregados ou subempregados no mundo. Para combater essa situação, uma importante iniciativa tem-se expandido na maioria dos países: as cooperativas de trabalho.

Em junho deste ano, a OIT divulgou o documento "Recomendação sobre a Promoção de Cooperativas de Trabalho", reiterando a importância das cooperativas para a geração de trabalho e renda, mobilização de recursos e geração de investimento. Essa forma de associativismo colabora para a organização da população, a distribuição de renda e a democratização dos investimentos, assim como proporciona melhora das condições social, cultural (os cooperados precisam atualizar sua formação para melhor gerenciar o negócio) e de saúde (passam a ter acesso mais fácil e mais barato a convênios de saúde).

No Brasil, as cooperativas têm ampla tradição na área agrícola. No entanto, o cooperativismo brasileiro vem apresentando uma notável mudança de perfil. Tal mudança ganhou força com a garantia desse tipo de associação pela Constituição de 1988. A Carta estimulou a criação de cooperativas e determinou que a organização delas independe de autorização e vedou qualquer interferência estatal no seu funcionamento.

As diferentes espécies de cooperativas no Brasil possuem cerca de 6 milhões de associados e movimentam 5% do PIB. Como exemplo de avanço, podemos citar as cooperativas de coleta seletiva de lixo. As associações de latas de alumínio, por exemplo, dão resposta positiva em três níveis: econômico, social e ecológico. Do ponto de vista econômico, as empresas passaram a investir em equipamentos, modernizando a atividade e gerando maior demanda para as cooperativas. Socialmente, as cooperativas possibilitam a inclusão dos menos favorecidos. E, sob o aspecto ecológico, colaboram para preservar o meio ambiente. O País é o maior reciclador de latas de alumínio do mundo, com 85% do total de unidades consumidas recicladas.

Tomando por base as cooperativas inscritas na Organização de Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp), o número de cooperativas de trabalho em São Paulo cresceu mais de oito vezes em dez anos. Passou de 37 associações, em 1992, para 313, em julho de 2002. São 258.214 trabalhadores paulistas participando de cooperativas. Portanto, nada mais oportuno do que uma discussão sobre cooperativismo como opção de geração, manutenção ou recuperação de postos de trabalho.

Para isso, a Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo organiza o 1º Encontro Internacional de Cooperativas de Trabalho, que acontecerá no Memorial da América Latina, nos próximos dias 12 e 13 de setembro, na capital paulista. O assunto será debatido por especialistas brasileiros e convidados estrangeiros. Em pauta, estarão questões como os desafios e as novas oportunidades que o processo de globalização gerou para o cooperativismo e as mudanças que as cooperativas terão de enfrentar daqui para a frente. (*) Fernando Leça - Secretário do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo.

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