Cooperadas da Cocari transformam sementes em arte e criam a marca Natu Biojoias
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Das sementes sempre se espera que nasçam plantas. Mas em Itambé (PR), as sementes estão gerando mais que isso: delas nascem joias exclusivas, de extrema qualidade e bom gosto, um artesanato que está produzindo acessórios refinados e sustentáveis. Das joias com sementes nasceu um projeto que fortalece vínculos sociais e faz os olhos de seis mulheres agricultoras brilharem de forma diferente: a Natu Biojoias.
O grupo, todo de cooperadas da Cocari, em Itambé, se reuniu por acaso durante um curso sobre a produção de biojoias com sementes, promovido pela Federação da Agricultora do Estado do Paraná (Faep), com o Senar – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, e apoio da prefeitura local e do Sindicato Rural, em Itambé.
As seis mulheres já manifestavam seus talentos antes de se reunirem. Faziam artesanatos e manualidades, como patchwork, bordados e crochê, entre outros.
E foi justamente essa afinidade pelo artesanato que despertou o interesse delas em participar do curso oferecido pelo Senar.
Mas elas aprenderam, durante o convívio, muito mais do que fazer joias com sementes. Aprenderam a empreender, a se organizar em um coletivo e passaram a sonhar e a realizar, juntas. Nos últimos meses, elas refinaram o projeto, buscaram apoios, como o da Cocari, e já fazem prospecção de mercado para estar presentes em feiras e eventos na cidade e em toda a região. O grupo, inclusive, deve ser um dos expositores do espaço de artesanato que a Cocari estimula no mais importante evento do calendário anual da cooperativa, a Expo Cocari, cuja próxima edição acontece no início de 2026.
A história brotando
O curso de artesanato do Senar, em parceria com o Sindicato Rural de Itambé foi o ponto de partida para essa história de cooperação, sociabilização, empreendedorismo e sustentabilidade. Na sala de aula nasceu o grupo de seis mulheres agricultoras cooperadas, que decidiu unir talentos, experiências e afetos para empreender juntas. Foi assim surgiu a marca Natu Biojoias, que transforma sementes em peças exclusivas de joalheria sustentável.
O grupo é composto por Gilsemara Cagni, Viviane Dolphine Campagnoli, Márcia Noriko Ueoka, Diva Dela Rosa Campagnoli, Maria Dirma Antonini Trombini e Fátima Aparecida Bersi Michelin.
De um curso à decisão de empreender
Segundo Gilsemara Cagni, o impulso para o grupo se organizar veio das oportunidades que surgiram a partir de feiras e contatos. “O que deu o start mesmo foi a possibilidade de apresentar nosso trabalho em feiras. A gente já tinha começado a produzir juntas e então vimos que poderia ser algo maior, que precisava ganhar corpo”, contou.
Viviane Dolphine Campagnoli destaca que a sementinha da ideia nasceu no ambiente de troca entre mulheres. “Nós fizemos o curso juntas, em março, e ali começou a vontade de continuar. Foi tão gostoso, passou tão rápido, que pensamos: ‘por que não dar sequência?’ Aos poucos, fomos comprando sementes, produzindo, participando de feiras e recebendo incentivo de outras mulheres do agro. Isso foi nos fortalecendo”, relatou.
Apoio da Cocari
Além de cooperadas da Cocari e das relações constantes decorrentes das atividades rurais, o grupo de mulheres tem a cooperativa como uma forte aliada. Elas têm todo o suporte e apoio junto a Unidade da cooperativa em Itambé, e estão sendo apoiadas também pela equipe Marketing e Comunicação da Cocari, com dicas e sugestões para a gestão das redes sociais, bem como sobre a produção de fotos e pequenos vídeos das peças produzidas para alimentar as postagens da Natu Biojoias.
Gilsemara Cagni garante que o relacionamento diário com a Cocari tem sido determinante para fortalecer o projeto delas: “Temos na Cocari um apoio importante para o projeto. E em nossas relações com a Cocari, entendemos que o que nos fortalece e ao nosso projeto é a cooperação. É o que temos aqui, em nosso grupo. Cooperação”, diz.
Vínculos que fortalecem
O trabalho coletivo também se tornou um espaço de acolhimento e amizade. Maria Dirma Antonini Trombini vê na iniciativa um alívio e uma motivação em meio às responsabilidades da vida no campo e da família. “Quando a gente está juntas, conversamos, rimos, dividimos preocupações e ideias. Isso faz bem para a mente, é desestressante e nos dá ânimo. Eu estou feliz, porque me levantou, me ajudou a seguir”, compartilhou.
Na mesma linha, Diva Dela Rosa Campagnoli acrescenta: “Está sendo ótimo. Faz bem para a memória, para a mente, mantém a gente ativa e aprendendo”.
Márcia Noriko Ueoka, que sempre se dedicou ao artesanato, além da produção no campo, vê o projeto como a soma de talentos. “Eu sempre gostei de manualidades, já trabalhei com EVA, palha de milho e outros materiais. Agora, com o grupo, a gente reúne essas habilidades em peças que carregam também uma mensagem ambiental e social”, destacou.
Joias com propósito
Mais do que uma fonte de renda, o grupo quer que as biojoias sejam reconhecidas pelo valor social e sustentável. As sementes que poderiam ser descartadas são reaproveitadas para se transformar em arte. “Aquilo que seria resíduo hoje vira matéria-prima. É um jeito de mostrar que é possível gerar beleza, renda e consciência ambiental ao mesmo tempo”, explicou Gilsemara.
Viviane complementa: “Queremos que nossas peças tenham esse diferencial: não apenas um produto bonito, mas uma joia que representa extrativismo sustentável, união entre mulheres e respeito ao meio ambiente”.
Organização e futuro
As seis mulheres — Gilsemara Cagni, Viviane Dolphine Campagnoli, Márcia Noriko Ueoka, Diva Dela Rosa Campagnoli, Maria Dirma Antonini Trombini e Fátima Aparecida Bersi Michelin — se reúnem todas as segundas-feiras para produzir e passam o dia juntas, numa sala no Sindicato Rural. A comercialização tem acontecido em feiras locais e eventos.
Já é possível também ver e adquirir as peças exclusivas na loja on-line da Natu Biojoias no Instagram: acesse @natubiojoias, siga o perfil, encante-se e e faça os seus pedidos.
O sonho é maior
Num bate-papo informal com o grupo, uma curiosidade: Qual é o objetivo de vocês agora? Qual é o horizonte desse projeto?
A resposta vem quase em coro: O sonho é expandir. Márcia responde de bate pronto: “imagine um salão, um galpão, cheio de mulheres trabalhando juntas”. E explica que elas querem criar um espaço maior, incluir mais mulheres e estruturar a formalização como cooperativa.
“Nosso objetivo é ir além da renda individual. Queremos mostrar que juntas podemos gerar impacto positivo para a comunidade, para o meio ambiente e para nós mesmas, como agricultoras e mulheres do agro”, resume Viviane.
A Natu Biojoias nasce como um exemplo inspirador de que cooperação, criatividade e sustentabilidade podem caminhar juntas, transformando sementes em histórias de união e futuro. (Assessoria de Imprensa Cocari)