COOPAVEL: Cooperativa reúne 3º Encontro técnico de Inverno

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Nos dias 30 e 31 de agosto a Coopavel reuniu num único espaço, pesquisadores, produtores rurais e novas tecnologias de produção para culturas de inverno. O evento que aconteceu no Show Rural Coopavel contou com grandes nomes da pesquisa brasileira, através de empresas como a Embrapa, a Coodetec e o Iapar, além da Fundação Meridional e Pró-Sementes e de empresas multinacionais, que também investem bastante em pesquisas de campo como a Bayer, a Basf e a Syngenta. Cerca de três mil pessoas de toda a região sul e países vizinhos estiveram presentes e acompanharam as treze palestras realizadas ao lado das parcelas experimentais e demonstrativas.

Renda no inverno - O evento reuniu uma diversidade bastante grande de culturas que podem ajudar ao agricultor a obter renda no inverno. Entre as de maior destaque estiveram variedades de trigo mais resistentes às geadas, hortaliças para o inverno, culturas para a produção de biocombustível, pastagens adaptadas ao frio e até variedade de trigo com duplo propósito, ou seja, que servem para alimentar o gado até certa fase da planta e depois ainda produzem trigo para comercialização. Rogério Rizzardi, coordenador do Encontro Técnico de Inverno, avaliou-o como sendo uma boa oportunidade para toda a sociedade e principalmente para o produtor rural, que está se baseando nas tecnologias demonstradas durante o evento para plantar as suas lavouras.

Novas culturas para a região - Você já ouviu falar em Camelina, crambe, tremoço azul ou cártamo? Essas plantas, até então desconhecidas pelas pessoas que visitaram o Encontro Técnico de Inverno da Coopavel, já surgem como opção de cultivo para a região, na estação fria. A maior diversidade de culturas do evento foi apresentada pelo Instituto Agronômico do Paraná – Iapar, em suas quatro estações experimentais. Na primeira, inúmeras leguminosas que servem principalmente para adubar o solo, protegê-lo das intempéries climáticas e ainda aproveitar algumas delas para a alimentação humana como as ervilhas, ou para a produção de óleos, como o nabo e a camelina. Esta última é uma cultura milenar utilizada para a produção do óleo e para a alimentação humana. “Há três mil anos a Camelina já era utilizada para a extração do óleo utilizado nas lamparinas”, disse Ademir Calegari, pesquisador do Iapar.

Rotação - Outra planta interessante é o tremoço azul, que suporta até 8°C negativos. “É uma fábrica de fertilizante para a agricultura moderna”, disse Calegari, que indica a planta para rotação de culturas. Também tem a ervilha, indicada como cultura comercial para a pequena propriedade. Em outra estação cinco espécies diferentes para a extração do óleo biodiesel. Algumas delas já estão sendo cultivadas, como o nabo e a canola, outras ainda estão em fase de pesquisas e devem entrar no mercado, com semente disponível para o plantio, a partir um ou dois anos.

Produção de óleo - O pesquisador Rui Yamaoka, responsável pela estação do biodiesel, falou da importância no cultivo de plantas destinadas à produção de óleo, porém, como a produção de óleo vegetal para o consumo mecânico é uma coisa nova no mercado, as pesquisas também são recentes. “Ainda estamos estudando as melhores épocas de plantio, as melhores ténicas de manejo dessas culturas e também buscando aumentar o rendimento de algumas delas, que têm baixa produtividade”, disse Rui. 

Canola - Até então, a cultura que apresenta melhor rendimento de grãos é a canola, que pode chegar a quatro mil quilos por hectare. O nabo, o crambe e o cártamo produzem em média de 1.300 a 1600 kg por hectare. “Consideramos isso muito pouco a nível de campo e buscamos melhorar esse rendimento”, frizou o pesquisador. A canola já é conhecida na região, porém deixou de ser plantada devido a doenças e à desuniformidade da lavoura, que se apresentava com plantas de diferentes alturas e com maturação variada, gerando prejuízos na colheita. “Trata-se de um híbrido, que precisa ser cultivado com muito cuidado para que a lavoura venha uniforme, com plantas iguais e maturação de toda a lavoura na mesma época”.
Algumas variedades possuem o grão maior, o que gera maior rendimento.

Adaptação ao clima - Já, o Cártamo é uma opção interessante pela sua adaptação ao clima, podendo ser cultivado tanto no inverno quanto no verão.  O Crambe, uma cultura que veio do mediterrâneo e que já está sendo bastante cultivado no Mato grosso, mas na região também é novidade e se destaca pelo seu ciclo curto -  90 dias, a metade do ciclo do nabo, que é de 180 dias. Na terceira estação as variedades de trigo e na última parcela a criação de cabritos.

Coodetec - No estande da Cooperativa Central de Pesquisas e, acompanhados por pesquisadores e técnicos, os visitantes conheceram detalhes técnicos de mais de uma dezena de cultivares já disponíveis para as diferentes condições de clima e solo das diferentes regiões triticolas do País e do Paraguai. Mas as atenções se concentraram nas parcelas ocupadas pelas variedades CD 116 e CD 117, lançadas este ano. A CD 116 tem alto potencial de rendimento, excelente qualidade industrial (classificada como trigo melhorador). Já a variedade CD 117 atende à demanda de trigos de ampla adaptação, com alta qualidade de panificação.

Trigo - O programa de Melhoramento de Trigo da Coodetec tem à frente os pesquisadores Francisco de Assis Franco, Volmir Sergio Marchioro e Tatiane Della Nora. Segundo eles, os investimentos buscam atender às demandas dos diferentes ambientes, de regiões quentes e frias do Brasil, onde é cultivado o trigo.

AgroecologiaAté há bem pouco tempo era difícil imaginar a produção agrícola em escala comercial, de forma consorciada com a natureza. Hoje é um dos assuntos mais estudados pelos  pesquisadores. Tanto é que as principais empresas de pesquisa e extensão rural – Embrapa, Iapar, Emater e Coopavel se uniram para apresentar o tema nos últimos eventos técnicos realizados pela cooperativa, “Show Rural Coopavel e Encontro Técnico de Inverno”.

Agricultura sustentável - Uma estação foi criada especialmente para demonstrar todas as possibilidades que o produtor rural tem para adotar os princípios da agricultura sustentável focando os seus três princípios: Meio Ambiente, produção agrícola com maior valor agregado e, saúde com qualidade de vida. Segundo Mary Stela Bischof, do Instituto Emater e uma das responsáveis pela estação, “a produção orgânica no mundo está crescendo a cada ano e embora o Brasil ainda produza muito pouco, é uma situação que não tem volta, porque as pessoas estão primando por alimentos mais saudáveis”. E, ao mesmo que a agroecologia visa produzir um alimento focado na saúde, ele também gera um ambiente melhor, protegendo o solo e a água da propriedade, dentro do princípio do respeito à natureza.

Reciclagem dos nutrientes - De acordo com Mary Stela, um dos aspectos da agroecologia é o produtor ter um solo com boa fertilidade. “A cobertura, seja verde ou seca, proporciona a reciclagem dos nutrientes do solo e pode ser feita com plantas de inverno e de verão e também é fundamental para penetrar a água no solo”, explica o pesquisador da Embrapa Hortaliças, Vinícios. 

Diversidade de espécies - Entre os princípios do sistema está o da utilização de uma diversidade de espécies, para que estas possam fornecer ao solo os micronutrientes de que ele precisa. Também é preciso respeitar o ciclo das plantas, trabalhando com espécies adequadas á cada época de plantio. “O resultado é a produção de alimentos saudáveis, livres de contaminantes como químicos e agrotóxicos”, disse Mary Stela. No modelo de propriedade apresentado no Encontro Técnico de inverno, há um pomar, com diversas plantas frutíferas, com gramíneas de maior valor protéico para pecuária de leite, hortaliças comerciais para o inverno, entre outras. Ou seja, é um modelo de propriedade integrada e diversificada.

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