CONFERÊNCIAS DA ONU: Plantas estéreis é tema de discussão na COP8

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A 8ª Reunião da Conferência das Partes da Convenção Sobre Diversidade Biológica (COP8), evento das Nações Unidas realizado em Curitiba, coloca em pauta, na manhã de hoje, o uso das Tecnologias Genéticas de Restrição de Uso (GURT). Em resumo, trata-se de uma nova aplicação da biotecnologia, ainda em desenvolvimento, capaz de produzir esterilidade de plantas de forma a contribuir com o desempenho da produtividade agrícola, da biossegurança e da proteção de cultivares e patentes. A novidade surgiu porque, em algumas situações da agricultura e da pesquisa de novas variedades, a esterilidade é uma característica altamente desejável. “Tanto do ponto de vista produtivo como do impacto ambiental, essa tecnologia deve ser considerada e analisada cientificamente caso a caso, observando-se os riscos e os benefícios frente aos objetivos do uso”, ressalta a pesquisadora Luciana Di Ciero, do Laboratório de Recursos Genéticos e Biotecnologia Florestal Departamento de Ciências Florestais Esalq/USP. “Esta análise deve ser feita pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) na ocasião de análise dos processos de pedido de autorizações”, diz.

Esterilidade - Luciana explica que sementes híbridas e plantas domesticadas, que não florescem ou florescem sem sementes, são comuns no mercado e já são cultivadas normalmente pelos agricultores. “Este tipo de esterilidade, obtida com o melhoramento genético convencional, tem sido utilizada com segurança em todo o mundo na produção de sementes de culturas como cebola, milho, sorgo, cenoura, beterraba e outras”, afirma a cientista. Segundo a pesquisadora, a aplicação da biotecnologia para produzir sementes estéreis seria uma contribuição a mais para a biossegurança. No caso do algodão, por exemplo, que tem espécies silvestres no Brasil, a esterilidade de sementes ou de pólen impediria que fossem produzidos híbridos do eventual cruzamento entre o algodão geneticamente modificado e o algodão convencional.

Na indústria farmacêutica - Existem outras vantagens do uso do GURT, especialmente no caso de variedades destinadas à indústria farmacêutica. A produção de hormônio de crescimento e de insulina hoje em dia é realizada em plantas transgênicas. Para evitar a eventual ocorrência de fluxo gênico, essas plantas poderiam ter uma segunda modificação genética que também impedisse a produção de pólen ou expressão da característica introduzida na segunda geração. “A restrição completa de uma tecnologia, sem uma avaliação caso a caso, bloquearia a aplicação de soluções agronômicas, ambientais que iriam justamente aumentar a biossegurança das plantas transgênicas e melhorar o manejo das culturas”, avalia Luciana.

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