CONFERÊNCIA: Bioenergia e crise da economia são oportunidades para as cooperativas

O economista franco-polonês Ignacy Sachs acredita que a necessidade de mudar a matriz energética do planeta, atualmente baseada no petróleo, e a atual crise da economia mundial podem gerar grandes janelas de oportunidades para as cooperativas, especialmente nos países tropicais. Sachs, que participou das conferências da ICA Expo 2008, acredita que as políticas neoliberais estão em xeque e que o capitalismo precisa ser refundado. Para ele, a biomassa representam o novo paradigma para o desenvolvimento. A palestra de Sachs foi transmitida ao vivo para Portugal da sede do Sistema Ocesp/Sescoop-SP.

Opinião - Há mais de trinta anos, Ignacy Sachs lançou alguns dos fundamentos do debate contemporâneo sobre a necessidade da convergência entre economia, ecologia, antropologia cultural e ciência política. "Vivemos um momento importante na história da evolução da espécie humana com a biosfera: o começo da saída da era do petróleo e das energias fósseis, necessária para enfrentar as mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, estamos enfrentando uma grave crise social sob a forma de déficit agudo das oportunidades de trabalho decente e de disparidades abissais na distribuição da renda e da riqueza. É imperioso buscar a complementaridade entre segurança alimentar e a produção dos biocombustíveis", diz Sachs.

Cooperativismo - Para o economista, o movimento cooperativista pode atuar em quatro níveis no contexto da substituição gradativa do petróleo pelos combustíveis renováveis: produção da biomassa; sua transformação (com destaque para as micro e minidistiliarias); organização dos consumidores; e o comércio justo entre as cooperativas de produtores e as de consumidores, em nível nacional e internacional. A grande transição que se inicia vai estimular inovações tecnológicas. Porém, o seu desenrolar vai depender em grau ainda maior da capacidade de reorganizar as economias tornando-as menos injustas. O movimento cooperativista poderá desempenhar um papel importante se souber ocupar os nichos de inovação que se abrem", salienta Sachs. (Informe Ocesp)