COMMODITIES: La Niña levanta-se para o segundo 'round'

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Os mercados de commodities sentiram neste ano o impacto do fenômeno meteorológico La Niña, o mais forte nos últimos 60 anos. Os preços subiram por todos os lados - desde o café na América do Sul e o milho nos EUA até o carvão na Austrália -, uma vez que os eventos climáticos extremos provocados pela "menina" afetaram produtores de todo o mundo. Os preços se estabilizaram, mas os mercados agora se deparam com outro "La Niña", que vem se desenvolvendo desde setembro.

 

Influência - Apesar da expectativa de que o novo "La Niña" seja mais fraco, as más condições climáticas continuarão sendo um fator a afetar os preços das commodities.Os problemas na oferta serão "mais frequentes devido aos padrões de mudanças climáticas e ao número e magnitude cada vez maiores de eventos climáticos extremos que eles provocarão", afirma John Drzik, executivo-chefe da consultoria Oliver Wyman Group. "Projeta-se aumento nas enchentes, secas, furacões e muitos outros tipos de eventos climáticos extremos na próxima década", alerta.

 

El Niño - Os dois anos consecutivos de "La Niña" - que provoca temperaturas mais frias no Oceano Pacífico e, em consequência, mais chuvas no Sudeste Asiático e norte e leste da Austrália e falta de chuva no sul dos EUA - seguem-se a um ano com o "El Niño", o fenômeno climático oposto. O que, então, os investidores em commodities devem fazer para suavizar os riscos climáticos? "Encontrar operações que compensem seus riscos", diz Matt Rogers, presidente do Weather Group, outra empresa de consultoria.

 

Macro - A noção de mudanças climáticas pode atrair a atenção de investidores, mas é algo "muito macro" como base para estratégias de hedge, afirma Rogers. "As mudanças climáticas significam que tanto enchentes como secas são mais comuns", diz. A lista de interrupções na oferta causadas pelo clima que afetaram recentemente as commodities comprova sua afirmação.

 

Austrália - Em Queensland, Austrália, grupos mineradores declararam problemas de "força maior" depois das extensas enchentes provocadas por chuvas no fim de 2010, que foram exacerbadas pelo ciclone tropical Yasi. Quase todos os grandes grupos mineradores foram afetados.

 

Colômbia - Na Colômbia, enchentes generalizadas no fim de 2010 afetaram a colheita de seu café arábica de melhor qualidade, enquanto a produtividade das lavouras nos EUA, Brasil e Argentina foi afetada por secas. No Sul da África, colheitas foram atingidas por inundações, enquanto fortes chuvas no Sri Lanka afetaram os preços da borracha e chá.

 

Tailândia - Mais recentemente, os preços sentiram os efeitos de uma enchente na Tailândia - a pior em meio século -, que provocou perdas generalizadas na produção agrícola e industrial. O país é um elo importante na cadeia de abastecimento de fabricantes mundiais. As inundações afetaram a produção de autopeças e o impacto também foi sentido na demanda por aço - e, portanto, na de minério de ferro, usado para produzi-lo, uma vez as montadoras de carros adiaram entregas.

 

Destruída - A produção de arroz - o país é responsável por cerca de 30% das exportações mundiais - foi destruída, e os preços referenciais subiram para o maior patamar em três anos, de US$ 650 por tonelada. A volta da Índia ao mercado mundial de arroz ajudou a diminuir as preocupações, já que Nova Déli acabou com sua proibição, que já durava quatro anos, às exportações de arroz não basmati e preencheu o vácuo deixado por Bangcoc.

 

Positivo - Nem todo o impacto climático foi negativo. Algumas áreas se beneficiaram, segundo Matt Huddleston, da UK Met Office. O cacau, por exemplo, teve um ótimo ano, já que o "La Niña" trouxe mais chuvas à África Ocidental. A boa colheita, no entanto, derrubou os preços, que estão em seu menor nível em três anos.

 

Preços - Embora se espere que o novo "La Niña" seja mais fraco, ainda poderia afetar os preços, já que muitas empresas e agricultores ainda se recuperam dos danos sofridos há alguns meses. "Será importante monitorar o aumento da aridez na região do Mar Negro, que afetou a colheita de trigo de inverno 2012/13", disseram analistas do Rabobank. (Financial Times / Valor Econômico)

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