CICLO DE PALESTRAS: Produção intensiva, promessa de renda em dobro

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A integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) pode dobrar a renda das propriedades agrícolas do Paraná. A avaliação é consenso entre os técnicos de organizações como Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e cooperativas agropecuárias, que discutem formas de colocar o sistema em prática. Os desafios da agricultura de alta performance reuniram 150 especialistas, executivos e agricultores no Ciclo de Palestras Gazeta do Povo realizado sábado (07/05) na Expoingá, em Maringá. Eles avaliaram que há indícios suficientes das vantagens do sistema para ampla difusão da tecnologia.

Área estimada - Os especialistas que acompanham as diversas formas de produção intensiva estimam que o estado cultiva atualmente 400 mil hectares usando o ILPF. A área é considerada pequena. Só na região do Arenito Caiuá, existem 2 milhões de hectares subaproveitados que poderiam render uma safra de grãos no verão e continuar servindo para a criação de gado no inverno, aponta o agrônomo da cooperativa Cocamar Antônio Sacoman, especialista no assunto.

 

Solos mais ricos - O sistema de produção intensiva é considerado adequado também para regiões com solos mais ricos, que alcançam boa produtividade de grãos. Áreas que durante o inverno são pouco aproveitadas podem ser usadas na produção de alimento para o gado, aponta o pesquisador Sérgio Alves, do Iapar. Tanto no Arenito como nas demais regiões, o ILPF exige investimento na adubação das pastagens, em estrutura para confinamento ou semiconfinamento do gado e na gestão da propriedade. Por outro lado, os custos com adubação da soja e do milho tendem a cair.

 

Tecnologia - Os investimentos em tecnologia são indispensáveis para o aumento da produção, defende o assessor técnico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) Derli Dossa. Nos últimos 50 anos, a produção de grãos por hectare passou de 800 para 3 mil quilos (+ 26%), aponta. A área cultivada, por sua vez, foi ampliada de 22 milhões para 47 milhões de hectares (+46%).

 

Novo passo - "Se não fossem adotadas novas tecnologias, teríamos de cultivar 150 milhões de hectares a mais atualmente para que a produção chegasse aos 157 milhões de toneladas de grãos de 2010/11", pontua. Em sua avaliação, o ILPF é um novo passo nesse sentido e permite a redução da emissão de gases apontados como causa das mudanças climáticas por evitar o revolvimento do solo.

 

Impasse técnico - Durante o debate realizado na Expoingá, os especialistas apontaram a falta de assistência técnica como um dos principais entraves à expansão do ILPF. Boa parte dos produtores desconhece o sistema e os agrônomos e técnicos agrícolas precisam de treinamento para orientar o setor, disse Sérgio Alves.

 

Divulgação - Os representantes das cooperativas relataram que seu corpo técnico vem sendo preparado para assumir a tarefa de divulgar o sistema. Não faltam exemplos a serem tomados como referência. Fazendas convertidas à ILPF obtêm resultados dobrados no Paraná, em Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, citaram os pesquisadores.

 

Fazenda Santa Helena - No Paraná, um exemplo é a Fazenda Santa Helena, de Cafeara (Norte), que tem 800 hectares e adota a integração desde a década de 1990. O agrônomo e produtor Paulo Guerra atua na produção de grãos, pecuária e produção de seringueiras. Metade da área é usada na integração lavoura-pecuária e alimenta 800 animais. Apesar de estar numa região de solos pouco férteis, a produtividade de soja passa de 3 mil quilos por hectare.

 

Trabalho ampliado - O produtor Roberto de Oliveira, que explora a integração lavoura-pecuária em Maracaju (MS), relata que a produção de carne e grãos amplia o trabalho dentro da porteira. As decisões sobre o tamanho da área de cada cultura passam a depender de um sistema mais complexo e de avaliações que consideram clima, mercado e viabilidade agronômica. Na Fazenda Paquetá, de Dourados (MS), a integração permitiu a elevação do número de cabeças de gado de 5 mil para 16 mil, mostrou João Kluthcouski, da Embrapa.

(Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)

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