CHINA E ÍNDIA: DOIS PAÍSES COM CONTRASTES! UMA VIAGEM INESQUECÍVEL

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Ivan Ramos(*)

Por mais eficiente que possa ser o narrador, dificilmente conseguiria traduzir em palavras o que presenciar em uma viagem pelos caminhos da Índia e pelos negócios da China.

Somente para quem teve a oportunidade de participar de um roteiro como este, organizado pela OCESC e co-patrocinado pela Coopercentral-AURORA e SESCOOP, tem condições de avaliar o que se viu e aprendeu nesta viagem de 20 dias pela China e Índia.

Assistir na TV, ouvir no rádio ou ler nos jornais e revistas, explicações de como vivem os chineses e indianos não representa quase nada dentro do contexto real de vida daquele povo. Para eles, vida normal, para nós ocidentais, uma loucura.

Povo diferente, idioma diferente, clima diferente, comida diferente, moeda diferente, enfim costumes diferentes de nós ocidentais, que vivemos no outro lado do mundo. Qual é o melhor? Lá ou cá? Depende, diriam os espanhóis da região da Galícia

Depende do modo de ver as coisas. Se olharmos pelas crenças religiosas deles, eles estão certos. São fechados e fiéis aos princípios das suas seitas. Olham só para si. Não interessa o que os outros fazem. Se olharmos para o mundo, na nossa visão ocidental, estão atrasados e tem coisa melhor do que eles vivem.

Viver em meio a 1,3 bilhões de pessoas na China, ou 1,1 bilhão na Índia, é sem dúvida uma aventura diferente. Comer as mais exóticas opções na China, a ponto de eles próprios dizerem que naquele país se come tudo que voa, menos avião; tudo que nada menos navio e tudo que tem perna, menos a mesa; ou ainda experimentar o dia a dia das comidas estranhas e picantes da Índia, onde se faz pimenta com comida e não comida com pimenta, certamente já é uma aventura inesquecível, especialmente para nós brasileiros.

Como entender a miséria do povo indiano, que divide suas habitações (?) com animais, sujeiras, falta de esgoto e tantas outras inconveniências para a saúde pública; com majestosas igrejas, palácios, monumentos e outras obras suntuosas, sem identificar revoltas, sem exigências aparentes e satisfeitos com a vida que levam os indianos?

Como admitir que na China convivem harmonicamente os regimes comunistas com o capitalismo internacional que toma conta das cidades, transformando-as em verdadeiros canteiros de grandes obras, na construção civil e nos investimentos públicos em rodovias, viadutos, pontes, ferrovias, entre outros?

Como admitir que num país como a China, com 9,5 milhões de km², com a população de 1,3 bilhão de habitantes, produz 500 milhões de toneladas de alimentos com uma estrutura fundiária de 1.200 m² por pessoa de cada família, cujas terras são controladas pelo governo comunista central?

É difícil entender que à China comunista está anexado o território de Hong Kong, uma das mais importantes cidades na área econômica do mundo, com um sistema e padrão de vida totalmente diferente, com moeda distinta e com forte influência inglesa, inclusive nos tipos de veículos com sistema inglês (volante à direita do veículo)?

Como é possível num mesmo país como a Índia existir 18 idiomas diferentes, e mais de 300 dialetos, onde em uma província (estado) se fala diferente do que o outro.

É difícil acreditar que tanto na China como na Índia, mais de 50% da expressiva população é rural, vive da agricultura, não tem conforto material, não tem terra, não tem nenhum benefício governamental, é feliz e ainda dizem que a situação melhorou muito da década de 1970 para cá.

As dificuldades e a miséria existente nesses dois países do oriente, que detém quase 25% da população mundial não deve servir como parâmetro ou consolo para nós, todavia, poderá ser um sinalizador de que por aqui, apesar dos problemas, das dificuldades, da inexistência de planejamento e as inseguranças dos mercados e políticas agrícolas oficiais, ainda estamos bem melhor. Durante a visita à Índia, por exemplo, foram várias as afirmativas dos cooperativistas, atestando de que no Brasil, os suínos, os bovinos e outros animais, vivem bem melhor que os indianos do campo.

Visitar a China e a Índia significa ampliar conhecimentos e ter nova lição de vida. Para nós brasileiros, torna-se cômodo chegar no oriente, instalar-se em hotéis de categorias internacionais, e durante o dia visitar a realidade deles, que nada tem à ver com a realidade vivida dentro dos hotéis.

O consolo para todos nós é que o mundo vem se globalizando e não deve demorar muito para que nos nivelemos pelo menos pela média do padrão de vida. A China mostra que em bem pouco tempo será uma grande força econômica do mundo e possui recursos naturais para tal. A Índia precisa antes vencer o fanatismo religioso e o conformismo econômico, já que politicamente tem a liberdade para a livre iniciativa.

Estes dois países, com o povo que tem e com as áreas agricultáveis disponíveis, com o avanço da tecnologia poderão se transformar na grande força econômica do mundo.

Há divergências quanto a esse encaminhamento, mas essa é uma opinião para ser discutida e avaliada.

Diretor Executivo da FECOAGRO)

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