CAMINHOS DO CAMPO: Praga resistente a herbicida se torna o maior desafio na soja

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A buva, erva daninha que atinge 1,5 metro de altura, se proliferou por mais de 1 milhão de hectares de soja no Paraná e se transformou no maior desafio no manejo da cultura para os próximos anos. Resistente ao glifosato, a planta provoca perdas de até 40% na produção, de acordo com os pesquisadores Pedro Dias da Silva Jr. e Dionísio Gazziero. A discussão foi o principal assunto do Dia de Campo da Coamo, evento de uma semana que teve a participação de cerca de 4 mil produtores e 500 técnicos, numa fazenda experimental em Campo Mourão (Centro-Oeste).

Pesquisas - A Expedição Safra acompanhou a última apresentação dos resultados das pesquisas desenvolvidas por 15 cientistas nos últimos quatro anos e constatou a preocupação crescente. O controle da buva, segundo os técnicos, vai exigir esforço coletivo como a ferrugem asiática, que surgiu em 2001 e hoje mobiliza a agricultura em todo o país.

Avanço - Dias relatou números que mostram um problema do tamanho das áreas de plantio. No Paraná, a erva daninha era considerada uma questão grave apenas no Oeste e parte do Sudoeste até 2007. No ano passado, avançou para o Noroeste e mais ao Sul, superando a marca de 1 milhão de hectares de lavoura. "Hoje é um problema de gravidade média em todas as outras regiões produtivas do estado. Praticamente só o Litoral escapou." As razões para essa expansão estão na grande capacidade de multiplicação da planta. Enquanto um pé de soja rende cerca de 200 sementes e uma espiga de milho aproximadamente 600, um de buva gera mais de 100 mil. Além disso, elas podem viajar até 60 quilômetros antes de germinarem, mostram as pesquisas.

Glifosato - A resistência ao glifosato impede que o produtor de soja transgênica RR fique despreocupado. Para medir a resistência da buva ao herbicida, os técnicos aplicaram 80 litros por hectare - 15 vezes mais que o normal. Ainda assim, algumas plantas sobreviveram.

Recursos disponíveis - Joaquim Mariano Costa, responsável pela unidade experimental da Coamo, percorreu canteiros de pesquisa com a equipe da Expedição Safra e mostrou que existe, sim, uma maneira de vencer a buva com os recursos disponíveis. O que o produtor não pode fazer é simplesmente ampliar a dose de glifosato, alertou.  Na conclusão dos pesquisadores, é preciso duas aplicações de herbicidas (uma de glifosato e outra de algum outro produto com modo de ação diferente) com intervalo de sete a dez dias. Existe ainda a alternativa do plantio de braquiária, que elimina naturalmente a planta invasora - o plantio direto inibe o aparecimento da buva. (Gazeta do Povo)

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