CAMINHOS DO CAMPO I: Transgênico x Convencional, meio a meio, por enquanto

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Enquanto a soja modificada cresce pela facilidade no manejo e com variedades mais adaptadas, o grão tradicional se sustenta em nichos de mercado, que pagam prêmio pelo produto. Se fosse uma eleição por maioria simples, a soja convencional venceria a transgênica por apenas um voto. Levantamento da Expedição Caminhos do Campo/Gazeta do Povo revela que as duas tecnologias disputam palmo a palmo os 4 milhões de hectares destinados à cultura no Paraná. A vantagem da versão tradicional sobre a geneticamente modificada (GM) é de apenas um ponto porcentual. Na avaliação estatística, o jogo está tecnicamente empatado, com 51% para um lado e 49% para outro. A dianteira da convencional é de 40 mil hectares. Em relação ao ano passado, existe um incremento de 5,3% na área da soja transgênica. No ciclo 2006/07, eram 47% de 3,96 milhões de hectares (1,86 milhão).

                                                                                                                                                         Número superou projeção inicial - O número final é superior ao inicialmente projetado pela equipe da Expedição. Na época do plantio, entre setembro e outubro, os técnicos e jornalistas estimaram que a soja modificada iria ocupar 48% da área. Institutos de pesquisa e multiplicadores de sementes do estado apostavam em uma ocupação ainda maior, próxima de 50% da área. Os principais motivos para esse avanço estão relacionados ao manejo da lavoura. Além da redução nas pulverizações, o produtor destaca a flexibilidade nos tratos culturais. Ele tem uma janela maior para administrar o herbicida, por exemplo, sem prejudicar o desenvolvimento da lavoura. A soja convencional é mais exigente em relação aos prazos e a planta fica mais sensível quando da aplicação fora da época recomendada.

Produtividade - Mas o grande trunfo da tecnologia está na produtividade. Em sua terceira safra oficial - após a legalização no Brasil -, a soja modificada já oferece variedades regionalmente mais adaptadas e com potencial produtivo que se aproxima das convencionais. Em alguns casos, conforme relatos de produtores à Expedição Caminhos do Campo, a produtividade é igual ou até superior. O melhor ou o pior resultado, segundo técnicos e produtores, está relacionado a problemas de clima, pragas ou doenças, como qualquer outra lavoura, e não à transgenia.                                                                                                                                                                          

Ervas daninhas - O principal benefício das variedades transgênicas, mais especificamente a Roundup Ready (RR), único evento (no caso da soja) com liberação comercial no Brasil, é o controle de ervas daninhas. Mas é o manejo e a produtividade são fatores decisivos na opção pela semente geneticamente modificada. O produtor Francisco Paschoeto, por exemplo, que cultiva 620 hectares de soja em Juranda e Campo Mourão (Noroeste), só planta convencional. "Mas o dia em que o transgênico produzir igual, passo tudo para OGM." Ele conta que não tem problemas com ervas daninhas, e que o interesse pela RR deve-se à facilidade de manejo. Alcides Paes, de Marialva (Norte), divide a sua área de 40 hectares entre as duas opções. No ano passado a soja GM ocupava apenas 20%. A aposta maior nesta safra foi motivada pela produtividade. O agricultor diz que no ciclo anterior essas variedades renderam 100 quilos a mais por hectare. Para este ano, ele espera 2.700 quilos na convencional e 2.800 quilos na transgênica.

Média Expedição - A  produtividade média das lavouras no Paraná, pela sondagem da Expedição, mostra uma diferença de 1,5 saca. A convencional ficou em 50 sacas, ou 3 mil quilos/ha, e a transgênica, 48,5 sacas, ou 2,91 mil quilos/ha. A média foi de 49,25 sacas - 2,95 mil quilos/ha.  Com o aumento da participação da soja transgênica, começa a se consolidar o mercado do produto, com preço maior para a convencional. O produtor, no entanto, cobra um reajuste para viabilizar financeiramente o custo da segregação.

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