BOVINOCULTURA I: A elite do gado de corte

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Um grupo de 20 pecuaristas dos Campos Gerais investe no cruzamento de diversas raças bovinas com a angus para ingressar no ainda pouco explorado mercado da carne especial. A idéia é ganhar escala e padrão para, então, firmar contratos com revendas, restaurantes e hotéis que atendem os apreciadores de carne argentina e europeia. Os primeiros animais do programa começam a chegar às prateleiras, ainda sem identificação. Porém, os negócios com bezerros e matrizes já são considerados compensadores.

Matrizes - Os investidores trabalham atualmente com 5 mil matrizes e pretendem dobrar esse número até o final de 2010. Ainda em 2009 deve-se atingir a marca de 50 animais prontos para abate por semana, mas a previsão é que a escala e o padrão cheguem aos patamares exigidos para contratos de médio e longo prazo a partir de 2012. A carne deve ficar conhecida como Araucária - selo que promete renda superior à obtida pela pecuária de corte de larga escala.

Grupo - Ao todo, o grupo reúne 20 pecuaristas, com rebanho de 5 mil matrizes. Ainda em 2009, eles querem abater 50 animais por semana. Os criadores avaliam que são necessários pelo menos 100 animais terminados por semana para se conquistar a fidelidade do consumidor. No entanto, como estão aproveitando áreas não-agricultáveis e investindo menos do que outras raças exigem, não demonstram pressa. Eles acreditam que não faltará mercado, inclusive para exportação.

Mercado internacional - A carne angus já é conhecida no mercado nacional, seja por força das importações ou através de projetos que partem do Rio Grande do Sul, desenvolvidos há 60 anos. O diferencial não é só o sabor e a maciez, defende o pecuarista Luiz Eduardo Veiga Lopes, da Fazenda Santa Rita, de Palmeira. "A primeira vantagem está na hora de vender o bezerro", relata.

Diferencial - Ele conta que alcança R$ 600 por bezerro, com diferencial de 10% a 15% sobre os animais de outras raças. Na desmama, o animal atinge 220 quilos, cerca da metade do peso da mãe, marca que supera à de raças como nelore. As matrizes vem sendo vendidas "a preço de carne", ou seja, valem perto de R$ 1 mil.

Raça européia - Os cruzamentos, feitos com sêmen ou touros angus, mas com vacas mestiças, estão fazendo com que os rebanhos assumam aos poucos as características da raça européia, originária da Escócia. As novilhas e novilhos vermelhos (red angus) e pretos (aberdeen angus) demonstram resistência para doenças e fertilidade nunca antes observada nos rebanhos da região. Na Fazenda Santa Rita, que conta com 220 matrizes, chegou-se ao índice de 93% - a cada dez vacas expostas ao cruzamento, perto de nove prenhezes.

Seleção - O veterinário Felipe Pohl, que presta assistência aos integrantes do programa Araucária, afirma que essas características vêm da seleção de mais de 200 anos em regiões de clima agressivo, onde o gado angus suporta a neve e os períodos de alimentação racionada desde que nasce. Nos Campos Gerais, as temperaturas amenas e a chuva bem distribuída durante o ano todo criam condições consideradas ótimas para a produção desse tipo de carne.

Entre os preferidos - O animal angus está entre os preferidos pelos compradores, relata Vagner Barausse, que termina 350 animais por ano. "O padrão da carcaça tem ótima aceitação. O angus, por enquanto, nem sempre rende preço diferenciado, mas desperta mais interesse. É só oferecer que vende na hora", relata. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)

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